quarta-feira, novembro 09, 2005

Hugo Chávez e a Alca

"Alca, Alca, Alca. Al carajo!"

A frase acima foi dita por Hugo Chávez durante a Cúpula das Américas. Ele não estava entre amigos íntimos nem em uma festa particular. Tudo indica também que ele não estava em elevado estado de embriaguez. A frase foi dita em um discurso público a manifestantes contrários à presença de Bush, à Alca e a tudo que não seja tipicamente latino-americano.

Um chefe de estado, mesmo que trapalhão, deve manter um mínimo de compostura. A palavra empregada por Chávez ofende a todos e o expõe ao ridículo: como não tem argumentos além de seu ultranacionalismo fanático, ele só tem a dizer "up yours, Bush!"

Se a intenção de Chávez é evitar que a Venezuela seja invadida, essa não é a melhor maneira. Basta lembrar que Bush filho mandou triturar Bagdá somente para prender o homem que havia tentado matar papai Bush...

quinta-feira, novembro 03, 2005

Uma olhadela no assustador mundo do século XXI

Imagine um personagem fictício que ficou 10 ou 20 anos em coma e que acordou, subitamente, nesse mundo do século XXI. Ele não veria espaçonaves particulares, bases em Marte e equipamentos de teletransporte, mas o espanto seria grande. Além de ver o cargo de POTUS ocupado por alguém apenas um pouco mais inteligente do que Chauncey Gardiner, último personagem de Peter Sellers, ele se depararia com Arnold Schwarzenegger governando a Califórnia, Gilberto Gil no Ministério da Cultura e Hugo Chávez presidindo uma "democracia militarizada", sem deixar de perceber, é claro, que o PT assumiu o poder e conseguiu se meter na maior confusão que esse país já viu.

O espanto seria certamente a principal emoção que nosso personagem experimentaria. Ele ficaria chocado ao saber do 11 de setembro, mas esta é apenas uma pequena faceta desse mundo novo, com a devida vênia aos parentes dos mortos em Nova Iorque, Afeganistão e Iraque. O mundo ficou pior, muito pior. Não há mais lideranças, não há mais estadistas. Em todos os lugares, desde os EUA até o Oriente Médio, com passagem pelo Brasil, os religiosos procuram influenciar decisões políticas. O Papa é retrógrado, influenciado pelo Opus Dei, organização que representa o que existe de mais atrasado na atrasada Igreja Católica. Intelectuais de direita, que não se sabe se fazem papel de assessores ou de bobos da corte, exercem sua influência nefasta, aconselhando o governo mais poderoso do planeta a despejar toneladas de fúria em países do terceiro mundo, alegando, sem provas, estarem contribuindo para a erradicação de armas de destruição em massa.

Por outro lado, nosso personagem fictício perceberia que, na verdade, não mudamos em nada. Continuamos sendo muito parecidos com os macacos carnívoros e territorialistas que caíram das árvores há cerca de quatro milhões de anos. E, embora os cientistas saibam que somos descendentes de um grupo de menos de 10 mil humanos do paleolítico, sobreviventes de uma explosão vulcânica que quase dizimou a raça humana, e embora tal fato esteja espalhado pelos textos sagrados de todas as religiões, continuamos nos tratando como se fôssemos filhos dos deuses, reencarnações dos deuses ou, no mínimo, eleitos dos deuses. Mas não somos mais do que macacos cabeçudos, o que inclui o Papa, o Dalai Lama, o Arcebispo de Canterbury e Richard Feynman (a propósito, o atual Arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, um professor, teólogo e poeta, é dono de pensamento muito mais avançado do que o da sua contraparte católica).

Mas não é só o mundo humano que nos espanta nesse início de século. Algumas vezes eu acho que Gaia realmente existe, e que está fazendo suas primeiras tentativas para mostrar que nós, humanos, somos irrelevantes.

Encerramos o ano de 2004 com Gaia dando uma lambidinha no litoral de alguns países do Oceano Índico. Do nosso ponto de vista, essa lambidinha pareceu um tsunami, e lá se foram mais de 270 mil vidas. Em 2005, Gaia tem dado mostras de que está um pouco cansada com emissões térmicas e gases de efeito estufa. Como resultado, a Grande Mãe produziu alguns deslocamentos gasosos, para estabilizar a atmosfera. Do nosso ponto de vista, os deslocamentos pareceram furacões, tão intensos que fizeram o Grande Irmão Branco tremer. Um viajante espacial talvez desse alguma atenção a esse furacões, e então prosseguiria para Júpiter, para presenciar tempestades de verdade.

Agora, quando a temporada de furacões parece encerrada, aparecem notícias de uma grande epidemia mundial de gripe aviária, também conhecida como "doença do frango constipado". Gaia deve estar se divertindo conosco, esses macacos cabeçudos. Talvez ela esteja somente com saudades dos dinossauros, que eram muito mais divertidos e econômicos.
Felizmente, Gaia não existe. Ao menos não nesse sentido de deusa mitológica. Gaia é um conjunto de modelos da geo-biosfera terrestre, que indica certo grau de organização da vida em escala planetária.

De acordo com os proponentes da teoria da "Gaia forte", como James Lovelock e Lynn Margulis, Gaia se comportaria como um único organismo vivo de dimensões planetárias, responsável pela criação e perpetuação de um ambiente favorável à vida. Lovelock propõe que vejamos a vida terrestre como um sistema cibernético, capaz de realimentação homeostática e operado de maneira inconsciente e automática pelos biotas. Hipótese radical.

Seja como licença poética, seja como modelo científico de vanguarda, é impossível negar que esse ano de 2005 está sendo assombrado por Gaia. Mesmo longe de furacões e tsunamis, as variações de temperatura foram percebidas em todos os lugares, até mesmo em Curitiba. Como serão os anos vindouros? Não sei, mas imagino que o cenário mais assustador possa ser esse: Lula e Bush se reelegem, a gripe aviária chega ao Brasil, um tsunami atinge o Rio de Janeiro, que submerge, um furacão tropical atinge Santa Catarina e, finalmente, neva de verdade em Curitiba! E, claro, para espanto final do nosso personagem fictício, Hugo Chávez detona um artefato nuclear de pequena potência, apenas como teste.

terça-feira, novembro 01, 2005

Halloween, dia do saci e outras bobagens

Parece que tudo começou na cidade paulista de São Luís do Paraitinga, em 2003. Indignados com a crescente presença da cultura norte-americana entre as crianças, os vereadores da cidade instituíram o Dia do Saci, comemorado em 31 de outubro. Vereador serve para isso mesmo: para instituir leis de elevada importância para o bem-estar da população.

Pouco depois, Aldo Rebelo pegou carona no projeto. O ilustre deputado, que já propôs a criação de uma lei que proibiria a "importação" de palavras, sugeriu a criação de um dia nacional do saci, como alternativa à celebração do Halloween. A justificativa seria que o Halloween faz parte do plano dos americanos para dominação do mundo por meio da imposição cultural (que, nesse caso, nem é deles, mas emprestadas dos celtas). Assim, em vez da imposição da cultura norte-americana do Halloween, Rebelo oferece a imposição da cultura africana, que transformou o saci, inicialmente uma espécie de curumim de duas pernas, em um menininho negro que havia perdido uma das pernas lutando capoeira.

Mas talvez Rebelo esteja certo. Devemos nos livrar de uma vez por todas dessas influências estrangeiras que deturpam a alma nacional. Depois de instituído o dia do saci, sugiro também inventarmos um feriado nacional para colocar no lugar do Natal. Afinal, o Natal nada tem de brasileiro e é apenas uma invenção do cristianismo primitivo para abafar a celebração das saturnálias, festas pagãs em honra ao deus romano Saturno. As saturnálias começavam no dia 17 de dezembro e prosseguiam até o dia 25, dia do solstício de inverno na época (atualmente, dia 21). Além disso, os mitraístas, adeptos do mitraísmo, religião popular entre os soldados romanos, também celebravam em 25 de dezembro o renascimento do "deus sol invicto". Constantino, que tinha muito mais poder do que Aldo Rebelo, e que havia sido devoto de Mitras antes de sua conversão ao cristianismo, decidiu acabar com a bagunça, e instituiu 25 de dezembro como o dia do nascimento de Jesus de Nazaré. Um feriado sintético, assim como o dia do saci.

Também deveríamos acabar com o carnaval. Se os cristãos primitivos ficavam escandalizados com as saturnálias, o carnaval, que era aparentado destas festas, não lhes causava menor pavor. Alguns papas fizeram de tudo para acabar com o carnaval, que era um período de licenciosidade e afrouxamento da moralidade. Outros, contudo, eram patrocinadores da festa. Mesmo com o fim do império romano, quando o mundo ocidental ficou mais sério e mais chato, o carnaval continuou liberado aos cristãos, desde que estes cumprissem 40 dias de mortificação e abstinência depois de cair na farra, em uma espécie de compromisso entre o paganismo e a nova religião mais bem comportada.

É verdade que o carnaval é muito mais brasileiro do que o Natal, mas há pelo menos uma razão para que Rebelo acabe também com ele: há uma teoria segundo a qual o carnaval era celebrado no início da primavera, como forma de espantar maus espíritos, o que era feito por meio de procissões, com os participantes usando máscaras horripilantes e fazendo bastante barulho. Alguma semelhança com o Halloween?

Indo um pouco mais longe, podemos propor também a proibição da realização de festivais japoneses, como o Haru Matsuri, celebrado no início da primavera. Quem sabe isso não faz parte do plano de dominação do mundo pelos japoneses? É bom não arriscar, pois eles já tentaram isso antes!

O que os nacionalistas não percebem é que nada é tão puro quanto pensamos. Nós vivemos em uma terra que foi arrancada a força de outros povos, falamos uma língua que não é nossa e nos deliciamos com pratos que são mistura de tradições africanas, indígenas, árabes, italianas, portuguesas, etc. Ser brasileiro, se é que existe esse ser mitológico, é ser uma mistura de tudo o que existe. Propor uma festa para abafar a realização de outra é, assim, algo que vai contra o espírito nacional.

Trick or treat?

domingo, outubro 30, 2005

Mais sobre o XVIII SNPTEE

O XVIII SNPTEE veio e se foi. Alguns dias fora do comum, passados em meio a gente fora do comum. A abertura foi magnífica, mesmo tendo-se que aguentar os discursos de sempre, com o presidente de Itaipu elogiando a estabilidade do sistema e dizendo que nenhum "foco" havia piscado quando da queda recente de algumas linhas de transmissão, e com um ex-presidente da Copel referindo-se a essa empresa como "Companhia Paranaense de Energia ELÉTRICA". Depois disso, tivemos a honra de presenciar uma apresentação do Balé Teatro Guaíra. Fantástico!

Uma diferença marcante em relação ao XVI SNPTEE, em Foz do Iguaçu, foi o espírito do evento. Naquela ocasião havia uma preocupação com o futuro do seminário, pois nenhuma empresa privada havia estado presente e temia-se que, com a crescente privatização do setor, o interesse fosse diminuir progressivamente. Contudo, o mundo dá voltas, e, como a privatização total não ocorreu, a Copel aproveitou este XVIII SNPTEE para festejar a "não privatização". Pelo menos desta vez ninguém mencionou que a empresa foi "salva" por um "ato de Deus".

O mundo realmente dá voltas. Em 1999, eu temia pela privatização. Agora, temo pela reestatização e pelo fim da competição. Há vários fantasmas rondando o mercado livre, como a aplicação da RTE, inclusive de maneira retroativa, a consumidores livres, a falta de energia de produtores independentes por causa da absorção nos leilões regulados, e aumentos futuros da TUSD, que podem corroer margens de lucro. Ainda assim, houve uma boa participação de agentes privados no evento, mas apenas duas comercializadoras independentes estiveram presentes: a Electra e uma concorrente.

Nos três dias de apresentações, assisti algumas bastante interessantes. Roberto Castro, como sempre, estava lá. É chato saber que ele está agora do lado negro (i.e., CPFL). Também aproveitei para aprender alguma coisa com a "turma do concreto", que realizou algumas apresentações interessantes sobre CCR. Infelizmente, não pude assistir a todas as palestras, pois, tendo o evento sido realizado em Curitiba, tive que comparecer ao escritório da Electra para tocar alguns assuntos.

Minha apresentação até que foi boa. O tempo concedido (15 minutos) é claramente insuficiente para se apresentar qualquer assunto em detalhes, especialmente porque estou acostumado a falar durante um mínimo de 60 minutos. Ainda assim, minha palestra levantou algumas perguntas, especialmente sobre a participação das PCHs no MRE. Um dos participantes argumentou que não é correto que uma PCH continue suprindo um consumidor especial por meio do MRE, em longos períodos de baixa hidraulicidade, pois o consumidor estaria recebendo energia convencional, e não energia alternativa. Outro participante argumentou que o mercado varejistas (consumidores especiais atendidos por fontes alternativas) só é possível por causa do MRE. Eles estão corretos, mas tais dispositivos são garantidos em lei. Dura lex sed lex.

Infelizmente, não ganhei o "grande prêmio SNPTEE" (uma viagem a Paris), e nem mesmo o "pequeno prêmio SNPTEE" (não sei o que era, mas cabia dentro de uma sacola). A concorrência foi feroz e meu assunto não atraiu muito a admiração das grandes empresas, as quais, no final, foram as eleitoras dos ganhadores.

Agora, só nos resta esperar pelo XIX SNPTEE, no Rio de Janeiro, ou pelo próximo VII SINCONEE, em Florianópolis (o que vier antes).

segunda-feira, outubro 24, 2005

Conclusões sobre o Referendo do Desarmamento

Uma das poucas vantagens do Brasil em relação a outros países, mesmo alguns dos mais desenvolvidos, é que os resultados de eleições, plebiscitos e referendos são conhecidos apenas algumas horas após o encerramento do horário de votação. Assim, por volta das 21h00 de ontem, 23/10, já sabíamos que o "Não" havia vencido de maneira esmagadora.

O desdobramento pós-referendo que mais me interessou foi a quantidade de conclusões tiradas desse processo por jornalistas, sociólogos, políticos, cientistas políticos e outros. Uns dizem que o povo manifestou sua oposição ao governo atual, outros dizem que o povo já havia decidido pelo desarmamento, dada a queda na compra de armas, e decidiu manter suas liberdades individuais. Outros, por fim, dizem que a campanha do "Não" foi vitoriosa por ter sido mais profissional e cheia de marketing eleitoral.

A verdade é que, com maiores ou menores graus de certeza, dependendo da "conclusão" que se analisa, não temos idéia do que o povo "quis dizer". Só sabemos o que o povo disse. O resto é especulação. Para saber o que se passava na cabeça do brasileiro médio na hora da votação, seria necessário fazer outra votação, ou, no mínimo, uma pesquisa.

Curiosamente, redutos petistas, como o Rio Grande do Sul, votaram em peso a favor do "Não", enquanto estados violentos, como o Rio de Janeiro, votaram menos no "Não". Influência dos traficantes? Aposta no desarmamento? Mais especulações. A única conclusão líquida e certa do referendo é que serão escritos muitos livros e teses de sociologia para esmiuçar os resultados. Afinal, nessa área do conhecimento, sempre é possível encontrar uma teoria que se ajuste confortavelmente aos fatos.

quinta-feira, setembro 29, 2005

VII SINCONEE e III GEDOC

O VII SINCONEE - Seminário Nacional da Gestão da Informação e do Conhecimento no Setor de Energia Elétrica - e o III GEDOC - Encontro Nacional da Gestão da Documentação no Setor de Energia Elétrica - serão realizados simultaneamente entre 20 e 22 de junho de 2006, em Florianópolis, organizados pela MG Brasil, sob coordenação técnica da Eletrobrás.

Haverá uma área temática sobre "Gestão de Conhecimento", com uma subdivisão sobre "Gestão das Mudanças". Estou pensando em escrever um artigo que seria intitulado "Uma tipologia bivariável para a análise do processo de mudanças com aplicações na história recente do setor elétrico brasileiro".

Links de interesse:

Perguntas:

  • Quais são as variáveis importantes para a análise dos diversos tipos de mudanças? Será que duas bastam para uma análsie qualitativa?
  • Qual a força propulsora de cada tipo de mudança?
  • Quantos tipos de mudanças podem ser identificados na história recente do SEB?

terça-feira, setembro 27, 2005

Hall of Fame

Albert Einstein (1879-1955)
Arthur C. Clarke (1917-)
Carl Friedrich Gauss (1777-1855)
Carl Sagan (1934-1996)
Charles Darwin (1809-1882)
Charles Proteus Steinmetz (1865-1923)
Claude Monet (1840-1926)
Galileu Galilei (1564-1642)
Isaac Asimov (1920-1992)
James Clerk Maxwell (1831-1879)
Leonardo da Vinci (1452-1519)
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Marie Curie (1867-1934)
Michael Faraday (1791-1867)
Neil Armstrong (1930-)
Newton da Costa (1929-)
Nikola Tesla (1856-1943)
Ray Bradbury (1920-)
Richard Buckminster Fuller (1895-1983)
Richard P. Feynman (1918-1988)
Robert Heinlein (1907-1988)
Sigmund Freud (1856-1939)
Sofia Kovalevskaya (1850-1891)
Vincent van Gogh (1853-1890)

sábado, setembro 24, 2005

A Vida nas Listas de Discussão

Eu participo de listas de discussões desde 1998, talvez antes. Como gosto de pensar e de argumentar, sempre pensei que uma lista de discussões seria excelente para isso. Isto é verdade em algumas listas de discussão muito particulares, onde viceja o verdadeiro espírito científico, mas está longe de ser o caso geral. Por exemplo o grupo Administrando reúne estudantes, professores e profissionais ligados à área de Administração, o que o torna bastante eclético.
Esse grupo foi criado em 2001 e conta com 3843 membros. O ecletismo e a profusão de membros tornam as discussões no Administrando muito diferentes daqueles em outros grupos ou listas de discussão.

As discussões no Administrando nunca foram fáceis. Muitos membros são estudantes universitários e, logo, estão na casa dos 20 anos. Para complicar, muitos deles são alunos do curso de Administração, cuja principal característica não parece ser o ensino da lógica e do pensamento crítico.

Durante minha longa permanência no Administrando, tenho sido constantemente criticado por me opor ao pensamento tradicional, por não "gostar" de livros de auto-ajuda e por ser "intelectual demais" (com a devida vênia a todos os intelectuais de verdade). Meu espírito crítico me levou a ser visto como "arrogante" e alguns afirmaram até mesmo que tenho grande inteligência, embora esta esteja mais próxima da "inteligência artificial". Recentemente, fui chamado de "judeu nazista" por causa de algumas opiniões sobre o nascimento da Igreja Católica. Ainda assim, imagino que conquistei alguns amigos por lá.

O Administrando é, assim, diferente de outros grupos dos quais tenho participado, como o CienciaList (777 membros) ou o SBCR (298 membros). Nestes, o que interessa mesmo é discutir um determinado assunto. De vez em quando os ânimos se exaltam, como nas discussões sobre moto perpétuos, sobre paradoxos relativistas ou sobre os mistérios quânticos, mas há sempre uma tentativa de se concentrar as discussões nos assuntos, não nas pessoas. Argumentos de autoridade e outras falácias são mal vistos.

No Administrando, por outro lado, argumentos de autoridade e ataques pessoais são os que mais aparecem. As pessoas lá são muito sensíveis a críticas, mesmo quando estas se dirigem aos argumentos, não aos proponentes. A falta de raciocínio lógico é assombrosa e muitos preferem ler bobagens, desde que escritas com delicadeza e respeito, a ter que encarar uma visão diferente ou ter que pensar fora da caixinha de areia. Esse modus operandi é assustador, pois no Administrando estão, presumivelmente, os gerentes, diretores e líderes do Brasil do futuro, o que me leva a concluir rapidamente que nosso futuro é sombrio.

Há, claro, exceções, as quais prefiro não citar, sob o risco de me esquecer de alguém.

O que me preocupa, particularmente, é a ausência de método científico nas discussões e o quase completo desconhecimento deste por parte da maioria dos membros, com as devidas exceções. Clemente Nobrega, que recentemente lançou o livro Ciência da Gestão, tem insistido que alguns aspectos da Administração podem ser expostos ao método científico. Ele argumenta, por exemplo, que podem existir na Administração um certo conjunto de leis semelhantes às leis de Newton da mecânica. Contudo, não existirá uma Ciência da Gestão enquanto não existirem pessoas preparadas para trabalhar com ciência na área de Administração, ou Gestão, como prefere Clemente.

terça-feira, setembro 20, 2005

2018 - Back to the Moon!

A NASA anunciou esta semana os planos para a próxima missão tripulada à Lua. Até 2018, quatro astronautas deverão pisar novamente o solo lunar e contemplar aquela magnífica desolação.


O problema é que o anúncio foi feito pela NASA e não pelo POTUS, como foi no caso da missão Apollo. O presidente atual acredita em Adão e Eva e deve ter dificuldades para entender como uma Lua redonda pode orbitar uma terra plana...

Ainda assim, resta uma esperança. Com um pouco de sorte, os democratas deverão reassumir o poder em 2006 e liberar os US$ 100 bilhões necessários à missão. A NASA sempre pode fazer um pouquinho de pressão, argumentando que a China fincará sua bandeira vermelha no Mar da Traquilidade cedo ou tarde. Ferir a auto-estima norte-americana é sempre uma boa estratégia para se conseguir as coisas naquele país.


Quanto a mim, já comecei a economizar. A maioria das pessoas sonha com uma aposentadoria traqüila e com uma casa na praia. Mas eu sempre digo aos meus alunos que pretendo guardar dinheiro para passar as férias na Lua. De vez em quando eles perguntam o que há para se fazer na Lua, ao que eu respondo: "Ora, a mesma coisa que há para se fazer na praia. Brincar um pouco na areia, admirar o horizonte, tirar dezenas de fotografias e voltar para casa!" Por estranha coincidência, essa é exatamente a primeira das dez razões para retornar à Lua, do site www.space.com: satisfazer a alma. As outras nove razões são:

  • Unir as nações.
  • Promover a comercialização.
  • Coletar rochas.
  • Estudar as catástrofes (e.g., extinções em massa).
  • Olhar para fora (observatórios lunares).
  • Gerar energia.
  • Iniciar uma indústria de mineração lunar.
  • Melhorar a tecnologia.
  • Instalar uma base para a conquista de Marte.

Tudo isso pode ser alcançado sem a Lua, mas também pode ser alcançado com a Lua, desde que a NASA desenvolva uma campanha de marketing capaz de convencer o norte-americano médio de que a odisséia vale a pena. O problema é que a NASA tem provado ser um desastre em termos de marketing.

sábado, setembro 17, 2005

Algumas citações

"The art of taxation consists in so plucking the goose to obtain the largest amount of feathers, with the least possible amount of hissing."

(Jean-Baptiste Colbert, Louis XIV's treasurer )

"The reasonable man adapts himself to the world; the unreasonable man adapts the world to him. Therefore, all progress depends on the unreasonable man."

(George Bernard Shaw)

"Knowledge workers, unlike manufacturing workers, own the means of production"

(Peter F. Drucker)

"A verdadeira dificuldade não está em se aceitar idéias novas, mas em se livrar das idéias antigas."

(John Maynard Keynes)

"A filosofia consiste no abuso sistemático de uma linguagem inventada exatamente para este fim. "

(Décio Krause)

"If it should ever turn out that the basic logics of a machine designed for the numerical solution of differential equations coincide with the logics of a machine intended to make bills for a department store, I would regard this as the most amazing coincidence that I have ever encountered. "

(Howard Atkins, 1956, Computer pioneer)

"A Internet está mais próxima da conspiração enquanto a televisão é o meio adequado para a propaganda. "

(Ester Dyson)

"The PC era has, in its own, often infuriating way, been a miracle of productivity and creativity. But the next era, the era of pervasive computing, should be infinitely more so. "

(The Economist, Sep. 12th - 18th , 1998)

"Empresa privada é aquela que o governo controla; empresa pública é aquela que ninguém controla"

(Roberto Campos)

"Um banco é um lugar que empresta um guarda-chuva quando o tempo está bom e pede de volta quando começa a chover."

(Robert Frost)

"Everything is worth what its purchaser will pay for it."

(Publius Secundus, 1st B)

XVIII SNPTEE - Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica

Em 1999 eu estive no XV SNPTEE, realizado em Foz do Iguaçu. Na época, pareceu-me totalmente possível escrever um artigo para ser apresentado em uma das edições futuras. Até o momento, contudo, eu não havia conseguido. Nas edições de 2001 (Campinas) e 2003 (Uberlândia) eu estava praticamente fora do setor elétrico, interessado mais em desenvolvimento web do que em produção e transmissão de energia elétrica. Agora, finalmente, um artigo meu foi aceito para apresentação em plenário, no XVIII SNPTEE.

O XVIII SNPTEE será realizado entre 16 e 21 de outubro de 2005, em Curitiba, Paraná, promovido pelo Cigré-Brasil, sob coordenação da COPEL. De acordo com a comissão organizadora, foram submetidos 1.890 resumos para o evento, e apenas 519 foram aceitos. Os critérios de escolha são rigorosos. Os relatores escolhidos para cada grupo de estudos são profissionais de amplo conhecimento em cada área e os itens considerados na avaliação são:

  • o trabalho deve ser de caráter universal, inédito ou pioneiro e de caráter inovador;
  • caso o trabalho não seja inédito, deve apresentar um enfoque novo a um certo problema ou oferecer significativa contribuição técnica ao assunto;
  • o trabalho deve enfatizar experiências práticas, já utilizadas com sucesso e não meramente modelos teóricos de aplicação duvidosa.

Meu artigo intitula-se "Comercialização de Energia Elétrica no Varejo - Riscos e Oportunidades", e será apresentado na manhã do dia 20 de outubro próximo. Curiosamente, eu tenho trabalhado, viajado e aprendido muito mais na Electra, empresa do tamanho de um departamento da Copel, do que quando trabalhava nesta.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Tudo que você quiser saber está (ou estará) na internet

Quando eu era adolescente, tornei-me fã de John Denver e comprei o único LP dele que havia para comprar: "Poems, Prayers and Promises". Na época, eu estava aprendendo a tocar guitarra e passei incontáveis horas tirando as músicas, uma a uma, com ajuda de uma professora e de um ouvido não muito bom. Para piorar, o disco não trazia as letras das músicas e tive também que decifrar o inglês de Denver. Não foi nada fácil, mas aprendi bastante. Hoje, todas as canções de John Denver (e de mais quem você quiser), letra e cifras, estão na internet. Basta entrar no Google e procurar (Super Cifras, por exemplo). Na verdade, tudo que você quiser saber sobre John Denver está na internet. Para piorar, tudo que você quiser saber, sobre qualquer coisa, está ou estará na internet. Geralmente de graça. Para quem nasceu em uma casa onde havia um recinto chamado "biblioteca", a internet é como a história do rato que caiu em uma fábrica de queijo. E vai piorar.

A Wikipedia, por exemplo, é um projeto internacional de uma enciclopédia totalmente web. O projeto foi iniciado em 15 de janeiro de 2001, como complemento da Nupedia. No momento, já existem 2,3 milhões de verbetes em inglês, francês, italiano, polonês, português, alemão, chinês, sueco, holandês e espanhol. O conteúdo é livre de direitos (GNU), escrito colaborativamente por voluntários e patrocinado por uma fundação sem fins lucrativos. O crescimento tem sido exponencial desde 2001, conforme figura abaixo.



A maior crítica que a Wikipedia tem sofrido refere-se à falta de autoridade central controladora dos verbetes. Alguns bibliotecários dizem que, por este motivo, nunca usariam a Wikipedia e nem mesmo a recomedariam. Mas a premissa básica da encicloplédia é a de que o uso prolongado e a exposição a vários autores conduzirá à perfeição. Nota-se que esta é a mesma premissa do software livre, que faz uso da Lei de Linus, enunciada por Eric S. Raymond: "dada uma base de desenvolvedores e testadores suficientemente grande, quase todo problema será rapidamente detectado e a solução será óbvia para alguém". Pelo que tenho visto, a qualidade geral dos verbetes é boa e tenho passado bastante tempo pesquisando sobre máquinas elétricas e outros assuntos nessa fantástica enciclopédia digital.

Outro exemplo da profusão de informações é o arXiv (pronuncia-se como a palavra "archive", em inglês). Quando Einstein começou a publicar seus artigos, por volta de 1904, toda a publicação mensal da física da Alemanha, que era a maior o potência científica da época, cabia em um único volume da Annalen der Physik. Meio século depois, quando todos os intelectuais alemães já haviam atravessado o Atlântico, o periódico norte-americano Physical Review teve que ser separado em quatro volumes mensais. Por volta de 1960, nenhum físico profissional conseguia mais se por a par de todos os artigos publicados na Physical Review. Hoje, a coisa é muito "pior". Em vez de submeter um artigo a um periódico e esperar meses pela aceitação e pela publicação em uma revista impressa, os pesquisadores submetem inicialmente seus artigos no arXiv, em formato PDF, PostScript, LaTeX e outros. Não há referee e o texto é quase imediatamente publicado em formato eletrônico. Se o artigo sobreviver ao bombardeio de perguntas de outros pesquisadores, o autor pode então enviar o original, geralmente corrigido, para publicação em um periódico convencional.

O arXiv foi criado por Paul Ginsparg, em 1991 (antes, portanto, da era da internet comercial) e incialmente foi hospedado no laboratório de Los Alamos, migrando posteriormente para a Universidade de Cornell. O advento do arXiv precipitou a revolução do acesso aberto na área da publicação científica, levantando o temor de que as publicações tradicionais venham a desaparecer algum dia.

Há muito coisa de boa nos arXiv, incluindo artigos de pesquisadores de ponta, como Brian Greene e Edward Witten, mas também muita coisa ruim, como artigos de gente que tenta provar que tudo aquilo que sabemos desde Einstein está errado. Por outro lado, nas palavras de Jorge Zanelli, pesquisador do Laboratório de Física Teórica do Centro de Estudos Científicos, em Valvidia, Chile, "(o arXiv) liberou o terceiro mundo da necessidade de estar em Princeton, Pasadena ou Paris para fazer pesquisa de ponta". Conta-se, por exemplo, que o próprio Dr. Zanelli publicou um artigo no arXiv e no dia seguinte recebeu um e-mail de Ed Witten, que dizem ser o candidato mais sério ao sucessor de Einstein. No mundo do papel impresso, isso jamais aconteceria. No momento, o arXiv restringe-se às áreas da fisica, matemática, ciências não lineares, ciências da computação e biologia quantitativa, mas outras áreas certamente se seguirão.

Resumindo, o mundo nos próximos anos será uma loucura!

terça-feira, setembro 13, 2005

Fim de semestre!

Fim de semestre letivo no CEFET! Passei o fim de semana de 3 e 4 de setembro corrigindo provas e lançando notas. Várias horas de trabalho ingrato e repetitivo. Depois, na segunda-feira, mais algumas horas lançando as notas no "Sistema Acadêmico" (que nunca funciona direito e só pode ser usado na intranet da escola). Em Sistemas de Potência, passaram todos. Em Conversão II, a taxa de reprovação bateu recordes históricos.

Depois dessa correria, acrescida de duas viagens a Blumenau e uma a Cuiabá em três semanas, acabei ficando com uma espécie de ataque de estresse, com o corpo todo dolorido, dor de cabeça, dor de dente e mais umas coisas. Ainda não me recuperei completamente, apesar do feriado prolongado de 7 de setembro. A boa notícia é que no próximo semestre estarei somente com Conversão II, duas turmas, sem modificação na carga horária e sem dividir a turma com outro professor. Situação quase ideal. Melhor que isso, só se os alunos prestassem atenção...

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Pós-escrito: atualmente o Sistema Acadêmico pode ser acessado de qualquer lugar que tenha internet, funciona muito bem e está cada vez melhor.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Viagem a Cuiabá

O vôo Gol 1790 saiu de Curitiba às 19:00 e chegou em Congonhas no horário previsto. De lá, eu deveria seguir para Cuiabá, no vôo Gol 1873, que deveria sair às 22:24. Não sei porque eles marcam os horários com precisão de minutos. Deve ser para mostrar que têm senso de humor...De qualquer forma, Congonhas estava com excesso de tráfego aéreo e o vôo acabou atrasando. Como Congonhas fecha às 23:00, a Gol decidiu que o vôo deveria sair de Guarulhos, para evitar o risco de retenção da "aeronave" (ou "avião", como dizem os mortais). Fomos para Guarulhos de ônibus, pago pela Gol, e chegamos lá às 22:40. O vôo 1873 finalmente saiu às 23:40, chegando em Cuiabá por volta das 2:00, apenas duas horas depois do previsto.

Chegando ao aeroporto de Cuiabá, que na verdade fica em Várzea Grande, telefonei para que o hotel Cerrados viesse me buscar. O funcionário apareceu no aeroporto com uma cara estranha, e disse que o hotel estava lotado (apesar da minha reserva!). A justificativa era que Cuiabá estava sendo sede de um congresso qualquer de agricultura, e todos os hotéis estavam lotados. Fui então enviado, com despesas pagas pelo hotel "Cerrados", para o hotel "Dia e Noite", o qual, aparentemente, não tem nem mesmo website...

Apesar de tudo, o hotel era limpo (pelo menos a olho nú!) e o quarto tinha até mesmo uma cama e uma televisão. A essas alturas, já eram 3:00 da manhã e eu tinha que acordar às 7:00 para uma reunião com o cliente. Para complicar um pouco mais, não dormi quase nada, pois havia um compressor qualquer ligado o tempo todo.

Após acordar e tomar um banho (o quarto tinha banheiro particular, apesar do tamanho diminuto), fui tomar café da manhã. Pouco tempo depois, o cliente chegou, acompanhado da esposa. Ele havia feito a reserva para mim e foi vítima do mesmo problema. Após o café da manhã, descobri que o sócio dele, que estava vindo de Tangará, iria chegar só às 11:00 e eu estaria liberado até lá.

Voltei para o quarto, escovei os dentes e saí para explorar as imediações. Estava quente, talvez mais de 25° C, mas a temperatura atingiria 35° C à tarde. Ainda pensando estar em Cuiabá, não em Várzea Grande, andei uns bons quilômetros, mas sem fazer muitas voltas, pois sempre me perco. Cuiabá e Várzea Grande parecem Curitiba há uns 20 anos, embora muito mais quente. A população é composta, em sua maioria, por gente que veio de outros lugares. Guardadas as proporções, parece aquela cena de "Moscow in the Hudson", quando Robin Willians diz "everyone I know is from somewhere else!". Encontrei gente de São Paulo, da Bahia, do Rio Grande do Sul e do Pará, mas ninguém de Cuiabá.

Voltei para o hotel e trabalhei um pouquinho no computador, depois de tentar, sem sucesso, conectar-me à internet via linha discada. Pouco tempo depois o cliente ligou, querendo falar comigo, e a reunião começou mesmo sem o sócio de Tangará. Ficamos algum tempo no "restaurante" do hotel, que na verdade era uma espécie de varanda, conversando sobre contratos e alguns aspectos do livre mercado de energia. Cerca de uma hora depois, o sócio de Tangará chegou, conversamos mais um pouco e fomos almoçar em Cuiabá, por volta das 13:00.

Durante o almoço, ficou evidente porque o cliente, que é do Paraná, resolveu visitar os sócios em Cuiabá: por causa da formatura de uma sobrinha. No restaurante estavam umas 15 pessoas da família, de modo que o assunto cobriu tudo, menos negócios. Descobri que peixes de água doce (Pintado e Pacú) não são ruins, mas não consegui experimentar a famosa Piraputanga do rio Cuiabá, que estava em falta. Fiz a besteira de beber uns copos de chop durante o almoço, mas, como dizem, "uma vez em Roma..."

A reunião continuou a partir das 14:00, já em um hotel de Cuiabá e, como meu vôo estava marcado para as 17:30, o dia de trabalho não foi exatamente produtivo, embora todos os assuntos tenham sido cobertos. Ainda assim, não sei se vai dar para recuperar os R$ 800 da viagem somente com os resultados dessa reunião em particular.

Saí de Cuiabá com cerca de 35°C no horário marcado e chegamos em Londrina com 20°C. Eu pensei que em Curitiba deveria estar fazendo uns 15°C, mas estava 10°C a menos do que isso...

É bom estar de volta, mas semana que vem tenho que ir para Blumenau.

segunda-feira, agosto 08, 2005

Pequena lista das coisas que eu detesto

Não necessariamente em ordem de prioridade...

1. Telefone tocando (hipersensibilidade auditiva)
2. Bacalhau (trauma de infância)
3. Adoniran Barbosa (precisa explicar porquê?)
4. Música sertaneja brasileira (música de corno cantada com voz de taquara rachada e cara de prisão de ventre)
5. Comerciais do creme dental "Colgate Tripla Ação"
6. Infomerciais de qualquer coisa
7. Fumaça de cigarro

quinta-feira, agosto 04, 2005

Powerformer

A Asea Bronw Boveri, ABB, lançou, já em 1998, a primeira versão do "Powerformer", um gerador AC capaz de trabalhar em tensões de 30 kV a 400 kV. O produto foi lançado na ABB Review, pp. 21-6, 1998. Em artigo da IEEE Transactions on Power Systems, o Powerformer ainda é tratado como "novo". Segundo a ABB, uma usina com o Powerformer entrou no ano 2000. Já encontrei também uma tese de mestrado sobre o assunto (COPPE, abril de 2005).

O Powerformer recebeu esse nome porque é um gerador de potência que elimina os transformadores elevadores de tensão, geralmente necessários para a conexão do gerador ao sistema de transmissão ou distribuição. Em vez de usar as tradicionais barras estatóricas retangulares, os construtores usaram cabos de alta tensão cilíndricos, possibilitando maior isolação e maiores tensões. Uma solução tão simples que chega a ser óbvia.

Assimetria

Se você levar uma lambida de seu cão, isso provavelmente será uma demonstração de afeto genuíno, mas se você der uma lambida em seu cão, ele achará isso uma coisa muito estranha...

Descoberta do dia

Stonehenge não foi construído pelos druidas! O monumento data da era do bronze, entre 2500 aC e 2000 aC, enquanto os druidas, sacerdotes celtas, só apareceram por volta de 600 aC. Em tempo, "Stonehenge" deriva do inglês arcaico "stanhen gist", que significa "pedras suspensas". Há muitos outros "henges" nas ilhas britânicas, como o "Anel de Brodger", mas Stonehenge é o mais famoso.

terça-feira, agosto 02, 2005

The Hicthhiker's Guide to the Galaxy

Don't panic! O filme não é tão bom quanto eu esperava, mas é muito melhor do que poderia ser. Algumas cenas são puro Monty Python, outras lembram Barbarella e há até mesmo algumas menções a Star Wars. De qualquer forma, não é fácil encontrar um filme onde o protagonista passa o tempo todo de pijamas, sem falar em um robô depressivo, em empresas de engenharia planetária, em um líder religioso com apenas metade do corpo e em um presidente da galáxia com duas cabeças (e, aparentemente, duas caras). Um ponto negativo diz respeito à versão brasileira, pois a narrativa de Stephen Fry foi substituída pela de José wilker. Parece que a pós-produção brasileira achou que o filme ficaria complicado com legendas da narração e legendas das falas. Em DVD deve ser melhor...

Naturalmente, não é um filme para qualquer um, mas os fãs de Adams são muitos e ardorosos. No site IMDB, por exemplo, um internauta postou uma mensagem como o título "Doesn't anyone agree that this movie sucked?", e obteve dezenas de respostas indignadas. Ainda assim, HHGG arrecadou US$ 21 milhões na primeira semana de exibição nos EUA, e permaneceu entre os dez filmes mais assistidos durante quatro semanas. O filme custou US$ 45 milhões e a arrecadação mundial, até junho de 2005, era de US$ 82,8 milhões. Logo, o filme se pagou e ainda sobrou para fazer o segundo, ou pelo menos para financiar uma parte. Resta só esperar e torcer.

No Brasil, o sucesso do filme deve ter sido bem menor (apesar das recomendações de Sérgio Dávila, que disse que o filme dava de dez a zero em Star Wars - A Vingança dos Sith), pois o senso de humor nacional está a milhas de distância do humor inglês. Se a coisa não for escrachada, o brasileiro médio não entende.

Algumas frases de Douglas Adams:

"I wrote an ad for Apple Computers: "Macintosh: we might not get everything right, but at least we knew the century was going to end.""

"A learning experience is one of those things that say "you know that thing you just did? Don't do that."

"Technology is a word that describe something that don't work yet."

Sites:

- Douglas Adams Continuum
- Wikipedia

Resistência à Mudança

Ao contrário do que dizem, resistência à mudança pode ser necessária. Se não houvesse resistência, as coisas mudariam o tempo todo. Não se poderia ter certeza de nada. Nada seria permenente, nem mesmo no curto prazo. Por outro lado, um mundo sem mudanças seria estagnado e propenso à extinção. O segredo, portanto, é saber quando mudar e quando não mudar.

2 de agosto de 2005

OK. Meu "blog" está criado. Vamos ver como funciona essa coisa. Ainda não sei muito bem o que escrever aqui, e nem se será útil para alguém além de mim, mas vamos lá!

segunda-feira, julho 11, 2005

Guerra dos Mundos

Apesar da minha expectativa, “Guerra dos Mundos” não é tão ruim quanto prometia. O filme não corresponde à exaltação de alguns fãs mais radicais de Spielberg (“Spielberg está de volta!”, “Spielberg acertou a mão!”, etc), mas pelo menos entretém.

Spielberg se manteve razoavelmente fiel ao livro de H.G. Wells, inclusive mantendo o final manjado e que na verdade não passa de um “deus ex machina”, com o devido respeito a Wells. Mas Spielberg dá umas escorregadas aqui e lá. Por exemplo, é difícil aceitar que os tripods estivessem enterrados no solo durante milhares ou milhões de anos, sem falar em pessoas sendo vaporizadas enquanto as roupas permanecem intactas (o inverso seria muito mais interessante...).

De qualquer forma, “Guerra dos Mundos” não é o mesmo desastre de “A.I.”, um filme que acaba no meio. Tom Cruise, apesar de grandes esforços, não consegue estragar a produção e a manutenção do final original, embora conhecido, foi opção melhor do que um final heróico, com norte-americanos lutando bravamente contra os invasores, liderados por um Zé Mané vestido de vermelho, azul e branco.

Mas ainda acho que “Marte Ataca” é muito melhor...