Enedina Alves Marques - Primeira engenheira paranaense e primeira engenheira negra do Brasil
Enedina Alves Marques (1913 –1981) nasceu na capital paranaense e era filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques. Dona Duca, como a mãe de Enedina era chamada, ganhava a vida como lavadeira e, na década de 1920, foi trabalhar como lavadeira para a família do delegado e major Domingos Sobrinho, negro de posses do bairro do Portão que tinha uma filha de mesma idade de Enedina. Domingos financiou, por meio da troca de serviços domésticos, a educação de Enedina em colégios particulares, para que ela fizesse companhia à sua filha.
Entre 1925 e 1926, Enedina formou-se na Escola Particular da Professora Luiza e, no ano seguinte, ingressou na Escola Normal, onde permaneceu até 1931. Entre 1932 e 1935 formou-se no curso Normal e passou a trabalhar como professora no interior do Estado.
Em 1935, Enedina retornou à sala de aula na condição de aluna para se qualificar por meio do Curso Madureza no Ginásio Novo Ateneu em 1937. A legislação da época determinava que professores deveriam fazer uma capacitação profissional de três anos para o exercício do ofício de professor e um curso complementar para ingresso em curso superior. A passagem de Enedina pelo curso complementar aconteceu entre os anos de 1938 e 1939. No mesmo período, ela morou com a família do construtor Mathias e sua esposa Iracema Caron. O financiamento dos estudos foi sempre feito por meio da troca de serviços domésticos e ela sempre soube aproveitar.
Em 1940, Enedina ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná e graduou-se em 1945, tornando-se a primeira Engenheira do Paraná e a primeira Engenheira negra do Brasil. No curso de Engenharia Civil, Enedina sofreu grande resistência de alguns professores. Mesmo assim, sem pensar em desistir, aplicada aos estudos e contando com o auxílio de alguns colegas, conseguiu se formar em seis anos, apenas um ano a mais do que duram os cursos de Engenharia. Quem é professor ou aluno de Ensino Superior sabe o que isso significa.
Em 1946, Enedina tornou-se auxiliar de Engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. Enedina foi Chefe de Hidráulica, Chefe da Divisão de Estatísticas e do Serviço de Engenharia do Paraná, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado. No ano seguinte, o governador Moisés Lupion, concedeu-lhe transferência para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Enedina trabalhou no Plano Hidrelétrico do Estado e atuou no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu. Em outubro de 1960, Moisés Lupion, antes de sair do governo do Estado, assegurou a Enedina um vencimento equivalente ao de um Promotor Público do Estado.
Em 1961 o Governador Ney Braga, reconhecendo as realizações desta grande Engenheira paranaense, incorporou de forma retroativa, 10% aos vencimentos de Enedina, valores suficientes para sua aposentadoria, que ocorreria em 1962, após 29 anos de servidora pública.
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