Um pouco mais de Calvin & Hobbes
Em 9 de novembro de 1995, Bill Watterson, criador das tiras de Calvin & Hobbes (“Calvin e Haroldo” no Brasil), escreveu uma carta a seus editores anunciando que iria parar de publicar as tiras até o final daquele ano. Como prometido, a última tira foi publicada em 31 de dezembro de 1995. No início de 1996, após pouco mais de dez anos de diversão, os fãs de Calvin e Haroldo foram deixados órfãos.
Agora, mais de vinte anos após o início das aventuras de Calvin e Haroldo, a editora Conrad anunciou que irá relançar no Brasil a coleção completa das tiras [1]. O primeiro volume da coleção (“O Mundo é Mágico”) foi lançado em fevereiro deste ano e já esteve em primeiro lugar na lista de livros de ficção mais vendidos da Livraria Cultura. No momento, encontra-se em segundo lugar, perdendo apenas para “O Caçador de Pipas” [2].
Para quem não conhece Calvin e Haroldo (se é que existe alguém que não conheça essa dupla!), Calvin é um menino de seis anos e Haroldo é seu tigre de pelúcia, que toma vida somente quando não há ninguém por perto. Calvin é imaginativo, insubordinado e não gosta da escola. Por vezes, ele pode ser egoísta ao extremo, mas é capaz de se emocionar com o sofrimento dos animais. Sua imaginação o leva a incorporar personagens fantásticos, como o Homem Estupendo, o astronauta Spiff, o capitão Napalm (um super-herói que protege “a verdade, a justiça e o American Way”), além de uma grande quantidade de animais, como camaleões, crocodilos, águias, lagartos, etc. Em resumo, Calvin é um menino normal de seis anos, daqueles que se deixam arrastar apenas pelo trenó e por animais imaginários.
Calvin & Haroldo têm muitos fãs no Brasil. Infelizmente (ou felizmente?), ao contrário do que aconteceu com outros personagens dos quadrinhos, Bill Watterson nunca permitiu que sua obra se transformasse em uma franquia. Ele também nunca permitiu que outras pessoas desenhassem suas tiras e até mesmo criticou Jim Davis, o criador de Garfield, por causa do caráter excessivamente comercial dado por Davis a seus trabalhos. Assim, se você encontrar por aí algum adesivo de Calvin, bem como chaveiros, bonecos, etc., pode ter certeza que é tudo falso e não autorizado por Watterson, um autor que sempre se recusou a comprometer a qualidade de seu trabalho frente às demandas do mercado editorial.
Atualmente, Watterson vive recluso em Chagrin Falls, Ohio, com sua esposa e vários gatos. Ele diz que está “aprendendo a pintar” e dá pouquíssimas entrevistas. Aos saudosistas, resta uma visita ao “Museu online de Calvin e Haroldo” [3], ou então torcer para que Watterson mude de idéia algum dia. Pelo andar da carruagem, contudo, isso acontecerá somente depois da volta dos Beatles.
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[1] Algumas páginas do primeiro volume (“O Mundo é Mágico”), estão disponíveis em http://www.lojaconrad.com.br/trecho/Calvin_p1.asp .
[2] Livraria Cultura. http://www.livrariacultura.com.br/ .
[3] The Calvin and Hobbes online Museum, http://calvinandhobbes.michaelgoonan.net/billwatterson.php .
Bem, Álvaro, conheci seu site hoje. Sou professora no ensino superior nos cursos de jornalismo e Publicidade. Atualmente, minhas pesquisas são sobre as ossíveis relações entre Calvin e Haroldo e os filódosfos Calvino e hobbes. Você tem alguma opinião sobre isso? Diva Lea B. da Silva -divalea@femanet.com.br
ResponderExcluirBem, meu comentário não é anônimo, foi falha minha no envio. Parabéns por suas considerações no artigo sobre Calvin e Haroldo. Creio também que só aparecerão novas tiras quando os Beatles voltarem a tocar (ou o Calvin passar a gostar da escola, rsrsrsr...)
ResponderExcluirOlá Diva,
ResponderExcluirPelo que sei, Watterson batizou Hobbes por causa da "visão obscura da natureza humana" que tinha o filósofo homônimo, e também por causa da descrição da condição humana dada por Hobbes ("suja, brutal e curta"), a qual, segundo Watterson, seria também uma descrição do Calvin dos quadrinhos. Já as relações entre John Calvin e o Calvin dos quadrinhos não me são muito claras, mas, de qualquer forma, Watterson sempre disse que os nomes eram apenas uma brincadeira com os filósofos e cientistas políticos.