segunda-feira, julho 20, 2009

20 de julho de 1969: a Águia pousou!

Diz a lenda que naquele 20 de julho de 1969, aos 96 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont, dois discursos diferentes repousavam sobre a mesa de Richard Nixon. Em um deles, o então presidente dos Estados Unidos lamentava a perda de dois ou três bravos norte-americanos e declarava que o sonho da conquista da Lua não iria acabar com a tragédia da Apollo 11. No outro discurso, aquele que foi lido em nosso universo, Nixon parabenizava os astronautas, a Nasa, os norte-americanos e declarava encerrada aquela fase da corrida espacial.

Após uma alunissagem tensa, as primeiras palavras na Lua foram ditas por Buzz Aldrin, em linguagem técnica. Poucos segundos depois, às 20h17, horário de Greenwich, o comandante Neil Armstrong finalmente pronunciou aquela célebre frase que traria tranquilidade ao comando da missão: "Houston, aqui Base da Tranquilidade. A Águia pousou". A voz de Armstrong era calma e confiante, não refletindo a tensão decorrente do pouso. De fato, se a alunissagem tivesse demorado mais meio minuto, o presidente Nixon teria sido forçado a escolher o primeiro discurso, pois a Águia pousou com apenas 30 segundos restantes de combustível.

Um dos mitos relacionados à missão Apollo 11 originou-se exatamente por causa da alunissagem. Durante a descida, sob o som de alguns alarmes, Armstrong olhou pela escotilha e viu que o piloto automático estava conduzindo a nave para uma cratera de 400 metros de diâmetro, repleta de rochas. Imaginando que aquele não seria um bom lugar para pousar, Armstrong rapidamente assumiu o controle manual e voou sobre o campo rochoso, procurando um lugar mais apropriado. Surgiu então a lenda de que Armstrong havia evitado o local indicado porque este já estava ocupado... por uma base extraterrestre! Acrescente-se a isso o fato de que Armstrong e Aldrin ficaram quase sete horas dentro do módulo, antes de decidirem sair, e a teoria da conspiração está completa: o que eles ficaram fazendo lá dentro durante tanto tempo? Estariam com medo dos extraterrestres? Estariam tentando se comunicar com eles?

A lenda mais conhecida, é claro, é a de que nada daquilo aconteceu e que as missões Apollo foram produzidas e gravadas em estúdios de cinema. As pessoas que inventam tais teorias da conspiração são do mesmo tipo que dizem que Paul McCartney morreu em 1968, tendo sido substituído por um sósia, ou que dizem que Elvis era um extraterrestre (afinal, de onde mais teria vindo aquela voz descomunal, sem falar no apetite por anfetaminas, que nada mais eram do que complementos alimentares para as células alienígenas?). Seria melhor se esses teóricos da conspiração empregassem melhor a imaginação e direcionassem o ceticismo para alvos minimamente atingíveis.

Todas essas bobagens já foram desmentidas várias vezes. A teoria da farsa das missões Apollo foi desmascarada em alto estilo pelos Mythbusters (episódio 104, temporada de 2008). Evidentemente, nada disso convence os crentes, pois o recurso final deles é sempre alegar que todas as explicações fazem parte da conspiração. A maior prova de que a missão existiu, contudo, não foi apresentada pelos Mythbusters, mas pelos principais interessados no fracasso norte-americano: os russos. Objeção alguma jamais foi levantada por Moscou e o governo soviético apressou-se em desmontar seu programa lunar pouco depois que a superioridade tecnológica norte-americana ficou evidente.

Teorias da conspiração à parte, é uma pena que as missões Apollo tenham sido canceladas antecipadamente (pelo menos do ponto de vista de um menino que cresceu durante a década de 70 e ficou levemente irritado quando um coleguinha insinuou que Armstrong era um músico de jazz). Todos sabemos que a Nasa planeja retornar à Lua, mas isso demandaria o investimento de centenas de bilhões de dólares, os quais dificilmente serão gerados pela combalida economia norte-americana atual. Naturalmente, tais recursos se tornarão abundantes caso a auto-estima norte-americana venha a se encontrar ameaçada, como certamente ocorrerá caso outro país decida colonizar nosso satélite. Assim, o destino da exploração pacífica tripulada, seja da Lua, seja do restante do Sistema Solar, parece estar nas mãos da China. Afinal, nada cutucará mais a moral norte-americana do que mais uma ameaça de uma bandeira vermelha plantada no Mar da Tranquilidade.

4 comentários:

  1. Antes mesmo de terminar a leitura, ja imaginava a china figurando como favorito, como tem sido em tudo que envolve tecnologia na atualidade.
    Qual seriam os alvos minimamente atingíveis para os céticos de plantão? Afinal, os céticos e conspiradores têm um papel importante na historia?

    Abraços!!

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  2. Com certeza, a exploração e colonização do sistema solar seria interessante para a China como solução demográfica, eheheh.
    O interessante é que ao passo que nos anos 60 houve uma fascinação por desbravar o espaço, (também no cinema, como 2001: Uma odisséia no espaço, que foi lançado um ano antes de o homem ir para a lua), a temática dos tempos atuais parece voltar o olhar para nossa própria casa: manter o planeta terra habitável diante da eminente exaustão dos recursos naturais por exploração predatória do meio ambiente.

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  3. Augusto,

    Ceticismo não é o problema e é até desejável. O problema é o ceticismo mal dirigido. Assim, seria melhor se essas pessoas gastassem suas energias em atividades mais produtivas. O problema é que, para eles, nenhuma atividade produtiva seria tão fascinante quanto tentar descobrir uma conspiração envolvendo os EUA.

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  4. Kristie,

    É verdade que, entre colonizar o Sistema Solar e arrumar a casa, é melhor arrumarmos a casa, mas é questão é: será que não daria para fazer ambas as coisas? Apesar disso, não tenho muitas esperanças de que a Nasa volte à Lua até 2020 e vá a Marte até 2030 (a não ser que alguém invente um "warp drive", hehe...).

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