O “risco Congonhas”
Uma das frases do célebre “Macaco Simão” tornou-se tristemente real ontem: “Eu não tenho medo de voar. Tenho medo é de aeroporto!”
O que dizer sobre o acidente em Congonhas que já não tenha sido dito? O que dizer que já não esteja em todos os jornais do mundo, em todos os sites, em todos os blogs, em todos os grupos de discussão? Mesmo assim, é preciso dizer alguma coisa, pois não é possível deixar passar em branco esse desastre.
Já que o Brasil é movido a solavancos e crises, talvez as coisas mudem daqui para frente. Talvez o governo se conscientize de que é preciso privatizar o setor aéreo, pois os órgãos e funcionários estatais não têm incentivos para melhorias. Após as honras aos mortos de Congonhas, com a percepção do risco aeroportuário subitamente elevada, talvez haja pressão popular suficiente para que o governo perceba que não temos o melhor sistema do mundo e que reformas são necessárias e urgentes. Talvez. Todavia, mesmo que a reforma do setor começasse hoje, serão necessários dois ou três anos, em uma estimativa muito otimista, para que algum resultado surta efeito.
É uma pena. Todas as medalhas conquistadas pelos atletas brasileiros ontem indicavam que hoje seria dia de festa. O acidente com o avião da TAM mostrou como o Pan-americano é irrelevante, além de ter deixado claras duas coisas, ambas indicadas por mim no post de ontem, publicado horas antes do desastre: (a) investimentos em esportes não são importantes para o crescimento econômico de um país, especialmente tratando-se de um país com infraestrutura deficiente; (b) existe um tradeoff econômico entre investimentos em esportes e investimentos em outros setores da economia.
Em outras palavras, se o governo insiste em fazer tudo com verbas públicas, mas se não há dinheiro para fazer de tudo, o racional teria sido investir o dinheiro do Pan-2007 nos setores realmente deficitários. O setor aéreo e as vítimas de Congonhas teriam agradecido.
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