quinta-feira, novembro 29, 2007

Como dizer tudo em inglês

A língua inglesa, como se sabe, não dispõe de regras rígidas para a pronúncia das palavras, embora tenha estrutura gramatical bastante simples. Isso acontece, dentre outras razões, por causa do grande hibridismo da língua, que absorveu elementos dos dialetos anglo-saxão, nortúmbrio, kentiano, mércio, além do latim, francês, espanhol e outras línguas modernas. Para o falante do português, as diferenças de pronúncia entre palavras de grafia semelhante são um tanto enigmáticas, como acontece com “country” (país, nação, campo) e “county” (distrito, condado).

Felizmente, nessa era de websites gratuitos e comunicação instantânea, não é necessário fazer um curso de inglês com um professor nativo para aprender a pronunciar palavras inglesas. Basta ter um acesso à internet e uma placa de som.

Um website que oferece muitas dicas de pronúncia é o TheFreeDictionary.com, um verdadeiro poço sem fundo para o estudante da língua inglesa. Nesse site, é possível verificar o significado e pronúncia de várias palavras, incluindo alguns nomes próprios e de lugares. As dicas de pronúnica de muitas palavras, tradicionalmente maltratadas pelos brasileiros, podem ser rapidamente encontradas lá, como é o caso de Yorkshire, country, Monroe, dynamic e várias outras. Basta clicar no pequeno alto-falante que aparece ao lado da palavra.

O TheFreeDictionary.com também oferece, em sua página inicial, vários jogos para aprimorar o conhecimento da língua inglesa, como Hangman, Spelling Bee, Match Up e Scrabble. O Spelling Bee, em particular, é muito interessante, pois treina o ouvido e a grafia simultaneamente. Vale a pena uma visita diária.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Brian May, o magnífico

Brian May, ex-guitarrista do Queen, a maior banda de rock depois dos Beatles, é indiscutivelmente um dos maiores guitarristas que já existiu. Embora a revista Rolling Stone [1] o coloque apenas na 39ª posição dentre os 100 maiores guitarristas de todos os tempos, May consegue tirar sons únicos de sua guitarra “Red Special”, fabricada por seu pai. Agora, esse guitarrista de 60 anos acaba de realizar um feito memorável para alguém que passou mais de 30 anos afastado do mundo acadêmico: tornar-se reitor de uma universidade.

Brian May graduou-se em astrofísica no Imperial College London e chegou a iniciar seus estudos para obter o Ph.D. Contudo, o sucesso alcançado pelo Queen no início da década de 70 forçou o guitarrista a abandonar os estudos para se dedicar exclusivamente à carreira musical.

Mesmo tendo largado temporariamente os estudos, May nunca se afastou muito da astronomia. Prova disso é que, em outubro de 2006, ele publicou um livro sobre o assunto (“Bang! – The Complete History of the Universe”, em co-autoria com Patrick Moore e Chris Lintott). Além disso, em outubro último, May finalmente defendeu sua tese de doutorado, intitulada “A Survey of Radial Velocities in the Zodiacal Dust Cloud” (ou “Uma Pesquisa por Velocidades Radiais na Nuvem Zodiacal de Poeira”), tornando-se o primeiro guitarrista da história a envergar um título de Ph.D.

Em 23 de novembro, Brian May foi apontado reitor (ou “chancellor”, título usado no Reino Unido) da Universidade John Moores, em Liverpool [2]. Se May será considerado um roqueiro-cientista ou um cientista-roqueiro, é questão que depende do ponto de vista de cada um. Da minha parte, já ficarei satisfeito se os fãs de Brian May, o guitarrista, conseguirem entender que a tese de Dr. May, o cientista, não tem nada a ver com astrologia.

[1] Rolling Stone. Aug, 2007. Disponível em:
<http://www.rollingstone.com/news/story/5937559/the_100_greatest_guitarists_of_all_time>.
[2] LJMU. News Update. <http://www.ljmu.ac.uk/NewsUpdate/index_92016.htm>.

sexta-feira, novembro 16, 2007

O blog de Clemente Nobrega

O blog do Clemente Nobrega está no ar desde o último dia 9 e pode ser acessado em http://www.ideiaseinovacao.globolog.com.br/ .

Sou fã do Clemente desde 1997, pouco depois do lançamento de seu primeiro livro. Escrevi para ele e ele respondeu. Desde então, tenho lido quase todos os livros dele, faltando apenas o mais recente (“Empresas de Sucesso, Pessoas Infelizes?”), por absoluta falta de tempo. Também tento comparecer às palestras dele, as quais são sempre inspiradoras (um vídeo de palestra recente dele pode ser encontrado em http://endeavor.isat.com.br/linksespeciais/?palestra=299).

Clemente Nobrega é um grande entusiasta da inovação e do empreendedorismo como fatores de desenvolvimento econômico. Infelizmente, as políticas públicas ora em voga não visam a inovação, mas apenas a volta a um passado fracassado. É pena. O tempo mostrará que deveríamos ter ouvido mais pessoas como Clemente e menos pessoas como Emir Sader, por exemplo.

Todavia, se a mensagem de Clemente é inspiradora, nem sempre é do agrado de todos, especialmente daqueles adeptos do “Estado Ama Seca”. Por exemplo, a respeito da política de cotas para afro-descendentes nas universidades públicas, Clemente diz:

Nasci no dia 20 de novembro (aniversário de Zumbi, me informam), sou negro, e tenho um interesse - como direi? - epidérmico, nessa questão; mas não contem comigo para promover besteiras. Para mim, preto que se preza não aceita cota. Preto que se preza não choraminga nem “reivindica” com base em “brancos e negros”. Preto que se preza não usa camisetas em que se lê “100% negro”, pois isso, como diz Magnoli, legitimaria o surgimento de camisetas “100% branco”. Pode parecer uma orgulhosa afirmação de identidade, mas é apenas manifestação de rebeldia pouco informada e pouco inteligente.”

Vale a pena ler um sujeito com opiniões tão fortes como essa.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Copa de 2014: o atestado definitivo de um país incapaz de se levar a sério

Tenho dificuldades em acreditar que um país pobre, deficiente em infra-estrutura, monumentalmente desigual, à beira do colapso energético, assolado pela violência urbana, vivendo uma crise mal resolvida no setor aéreo e onde nem mesmo o leite presta, irá gastar vários bilhões de reais para organizar um campeonato esportivo que será encerrado, como de praxe, com uma disputa entre batedores de pênaltis.

O orçamento para a Copa de 2014 ainda não é conhecido, mas, de acordo com Joelmir Betting [1], que cita pesquisa da Revista Máquina do Esporte, o custo total poderá chegar a R$ 18 bilhões, a maior parte advinda do setor público. Valerá a pena? Talvez sim, mas o risco é enorme.

De acordo com o banco holandês ABN AMRO [2], os dados históricos indicam que o vencedor de uma Copa do Mundo experimenta um ganho médio adicional de 0,7% do PIB em relação ao ano anterior. Por outro lado, o segundo colocado experimenta uma perda média de 0,3% do PIB em relação ao ano anterior.

Supondo um crescimento médio de 5% durante os próximos sete anos (estimativa otimista), chegaremos em 2014 com um PIB de R$ 2,974 bilhões. Logo, se ganharmos o campeonato, o crescimento adicional de 0,7% corresponderá a R$ 20,8 bilhões, o que dará para pagar as contas, com alguma sobra.

O problema é se perdermos! Em outras palavras, estamos colocando um investimento bilionário nas mãos (ou nos pés!) de um reduzido número de jogadores, os quais são historicamente incapazes de suportar a pressão psicológica e nem mesmo moram no Brasil. E, no caso de mais uma final decidida por pênaltis, que tenha o Brasil como finalista, o destino do investimento será decidido por uma mera loteria.

Apesar de tudo, cabe lembrar que o crescimento adicional de 0,7% apontado pelo ABN AMRO indepente do país sediar a copa. Assim, não seria melhor, embora um pouco oportunista, deixarmos que outro país pagasse as contas, tentarmos ganhar a copa assim mesmo e investirmos o dinheiro em outras áreas? Vale a pena arriscar tanto dinheiro somente para nos desforrarmos da humilhação de 1950?

É claro que, mesmo que não se vença o campeonato, há alguns benefícios em um país sediar uma Copa do Mundo, tais como melhorias nos sistemas de transporte e de telecomunicações, reformas urbanas, melhorias no setor de hotelaria, etc. Todavia, tais melhorias e reformas poderiam, e deveriam, ser feitas a despeito da Copa do Mundo, não por causa dela. Ou será que, depois de 2014, teremos que esperar outros 64 anos para que alguém perceba que investimentos em infra-estrutura são importantes?

Se o Brasil fosse um país capaz de estabelecer suas prioridades de maneira racional, deveríamos investir todos esses bilhões de reais nos verdadeiros fatores de crescimento econômico, como saúde, educação, ciência e tecnologia. Para crescer, precisamos de inovação, não de pão, circo e futebol.

[1] BETTING, Joelmir. Secos & Molhados, 23 out. 2007. Disponível em: <http://www.joelmirbeting.com.br/noticias1.asp?IDgNews=3>. Acesso em: 02 nov. 2007.

[2] ABN AMRO. Soccereconomics 2006, mar. 2006. Disponível em: <http://www.abnamro.com/pressroom/releases/media/pdf/abnamro_soccernomics_2006_en.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2007.