quarta-feira, novembro 26, 2008

Palestra sobre o "Cisne Negro"

No próximo dia 01/12 irei apresentar a palestra "O Cisne Negro: ciência, filosofia, os limites do conhecimento e o impacto do altamente improvável". Será das 19h30 às 21h20, no mini-auditório do campus Curitiba da UTFPR (Av. Sete de Setembro, 3165, Curitiba, PR). Esse evento faz parte de um programa de palestras iniciado pelo Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) em 2008 e a entrada é gratuita.

O assunto tem a ver com nossa incapacidade de prever acontecimentos futuros e está relacionado, dentre outras coisas, à recente crise financeira mundial (um "cisne cinzento") e à intensificação da globalização (aumento da complexidade). Alguns pontos que serão abordados são:

  1. Eventos do tipo "cisne negro" e a impossibilidade de se prever o futuro.
  2. O princípio da refutabilidade de Popper e os limites do conhecimento científico.
  3. O inconsciente freudiano e a impossibilidade de se "prever" o presente.
  4. Caos e complexidade: as ciências exatas não são tão exatas assim.
  5. Os teoremas da incompletude de Gödel: nem a matemática pura escapa!
"O Cisne Negro" é um conceito inventado por Nassim Taleb no livro homônimo. Fui apresentado a esse livro pelo Clemente Nobrega (para variar), mas a palestra é apenas inspirada no livro, não sobre ele.

quinta-feira, novembro 20, 2008

"Em Busca da Empresa Quântica" - agora online

O livro "Em Busca da Empresa Quântica", escrito por Clemente Nobrega em 1996, acaba de ser disponibilizado online gratuitamente. Basta acessar o site do autor e fazer o cadastro, também gratuito: http://www.clementenobrega.com.br/. O livro está disponível em PDF (compactado) e tem menos de 1,4 Mbyte.

Descobri "Em Busca da Empresa Quântica" por volta de 1997, perambulando pelas livrarias de Curitiba na hora do almoço. Tenho que confessar que eu estava muito mais interessado em física do que em administração e marketing e fui mais atraído pelo título do livro e pelo currículo do autor (físico, engenheiro nuclear, ex-diretor da Amil). Acabei encontrando um livro interessantíssimo, muito diferente daqueles obras acadêmicos sobre marketing. Mesmo assim, o título me deixou preocupado. Metáforas quânticas são escorregadias e é muito fácil encontrar livros "quânticos" cheios de má fé ou que simplesmente mostram que o autor não entende muito de física quântica e está só se valendo da onda do momento. Um ótimo exemplo é "A Cura Quântica", livro que rendeu ao indiano Deepak Chopra o prêmio Ig Nobel de física de 1998 ("pela sua interpretação singular da física quântica aplicada à vida, à liberdade e à busca da felicidade econômica").

Escrevi para o Clemente e comentei minha preocupação. Para minha surpresa, ele respondeu e disse que, até aquele momento, poucas pessoas haviam levanatdo o problema, incluindo eu e um dos irmãos dele (ele parece ter irmãos espalhados por todas as áreas do conhecimento).

Na segunda edição de "Em Busca da Empresa Quântica", de 1999, Clemente inseriu uma introdução onde ele afirma: "É verdade que tive minha cota de problemas por causa do título". Mas ele garante que não abre mão do título, que é marketeiro, desperta a curiosidade e soa bem. De fato, se não fosse o título, talvez eu não tivesse lido o livro. Além disso, o paralelo entre a física quântica e o mundo das empresas refere-se somente à linguagem usada pela física quântica, e não à aplicação da mecânica quântica ao mundo empresarial, coisa que não faria sentido. A física quântica teve enorme sucesso em compreender o mundo microscópico por usar uma linguagem diferente da física newtoniana. Da mesma forma, precisaríamos de outra linuagem para entender o mundo empresarial moderno.

Além de física quântica, marketing e gestão, Clemente discorre também sobre a teoria da complexidade. Aqui, trata-se de mais do que uma analogia. Em 1996 a internet estava apenas nascendo e não tínhamos uma idéia muito boa de quão complexo, interconectado e não linear viria a ser o mundo apenas 10 ou 12 anos depois. Hoje, com fluxos de capitais movendo-se à velocidade da luz, informação farta e amplamente disponível, o assunto assume importância renovada. Vale a leitura dessa parte, especialmente para desmistificar o termo "teoria da complexidade", que tem em física uma interpretação um pouco diferente do que essas palavras dão a entender à primeira vista.

Desde 1996, o pensamento de Clemente mudou um pouco, como pode ser percebido em seus livros "A Ciência da Gestão", de 2004, e "Empresas de Sucesso - Pessoas Infelizes?", de 2006. Ele afirma que gostou de ter escrito "Em Busca da Empresa Quântica", mas garante que não o escreveria da mesma forma de novo e nem com as mesmas ênfases. E quase pede desculpas por ter elogiado o livro "Feitas para Durar", de Jim Collins. "Imaturidade de jovem inexperiente", diz ele.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Nova política de comentários

A partir de hoje estou testando uma nova política de comentários deste blog, os quais passam a ser não moderados. Como antes, qualquer um pode escrever comentários, mas a exigência de uma "palavra de confirmação" deve diminuir a quantidade de spams enviados por robôs. Vamos ver se dá certo.

terça-feira, novembro 04, 2008

Eleição norte-americana: também quero votar!

Hoje é o dia da tão esperada eleição norte-americana que decidirá quem irá ocupar o cargo de POTUS(*) entre 2009 e 2012. Apesar do clima festivo e esperançoso, é uma lástima que apenas cidadãos norte-americanos possam participar desse processo que afetará a vida de milhões de habitantes do planeta.

Os Estados Unidos da América, lar dos bravos, terra dos homens livres, constitui certamente a maior experiência democrática depois da invenção da democracia ateniense. Contudo, cabem as perguntas: Por que um cargo tão importante só pode ser ocupado por norte-americanos nativos? Por que cidadãos de outros países não podem votar?

Essas perguntas não são tão descabidas quanto possam parecer à primeira vista. Afinal, os EUA influenciam a moda, a cultura, a ciência e a tecnologia de boa parte do planeta. Quando a economia americana vai bem, a economia mundial em geral vai bem. Quando a economia americana desacelara, o mesmo acontece com boa parte da economia mundial. Quando os norte-americanos escolhem o presidente errado, algumas partes do mundo são bombardeadas de maneira "preventiva". Assim, por que habitantes de outros países não poderiam participar do processo decisório norte-americano, ou mesmo se candidatar a ele?

Para quem ainda acha a proposta estranha, lembro que os três maiores imperadores romanos depois de Augusto (Trajano, Diocleciano e Adriano) não eram romanos e nem mesmo de origem latina. Trajano e Adriano nasceram e foram criados na Espanha, enquanto Diocleciano nasceu e foi criado na antiga Iugoslávia. Ora, o Império Romano não era nem mesmo uma democracia e era muito menos populoso, cosmopolita e globalizado do que são hoje os EUA. E, apesar da possibilidade cada vez mais real de um representante da minoria negra vir a ocupar a Casa Branca, aquele lugar não é permitido para representantes de outras minorias, como a mexicana, a brasileira ou mesmo a britânica. Assim, parafraseando aquela apresentadora do GNT, pergunto: isso é democracia?

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(*) President Of the United States, sigla informal ocasionalmente usada para denotar o principal cargo executivo dos EUA.