quinta-feira, agosto 30, 2007

Top blogs de língua portuguesa

Uma das coisas fascinantes a respeito dessa era de e-mails e blogs é a possibilidade de povos diferentes, afastados por oceanos, mas unidos pela língua, poderem se comunicar de maneira rápida, descobrindo que têm muitos aspectos em comum.

Um dos blogs que reflete essa união entre lusófonos é o Obvious, mantido por blogueiros de Portugal e do Brasil, cuja proposta é lançar “um olhar mais demorado” sobre uma infinidade de assuntos.

O Obvious acaba de fazer um levantamento sobre os blogs em língua portuguesa mais acessados, no Brasil e em Portugal. Os resultados estão publicados em http://blog.uncovering.org/pages/rank.html .

O editor do Obvious também informa que eles estão indexando e atualizando atualmente mais de 2.000 blogs, número que cresce todos os dias. Um belo trabalho de divulgação!

O Rabiscos Aleatórios ainda não aparece na lista dos 100 blogs mais acessados em língua portuguesa, mas um dia chegaremos lá!

terça-feira, agosto 28, 2007

II Prêmio SEAE

A Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda está com inscrições abertas para o “II Prêmio SEAE de monografias em defesa da concorrência e regulação econômica”. Os temas para as monografias são: (a) defesa e promoção da concorrência; (b) regulação econômica.

As monografias devem ter entre 30 e 80 páginas, digitadas em espaço duplo, e podem ser entregues via SEDEX até o próximo 24 de setembro. Mais informações em http://www.seae.fazenda.gov.br/conheca_seae/premio-seae/ii-premio-seae .

segunda-feira, agosto 27, 2007

Mário Henrique Simonsen, o maior economista brasileiro

A vitória foi justa, nos dois sentidos da palavra: foi apertada, e a justiça foi feita. Em uma pesquisa organizada pelo jornal Valor Econômico, o professor Mário Henrique Simonsen (1935 – 1997) foi escolhido por 27 de 63 economistas entrevistados como o mais importante economista brasileiro. Celso Furtado (1920 – 2004) ficou em segundo lugar, com 25 votos, seguido de Eugênio Gudin e Roberto Campos.

A pesquisa do Valor não foi científica e não seguiu uma metodologia rigorosa. O jornal apenas procurou 100 economistas de várias orientações e pediu que citassem o “economista brasileiro mais importante da história”. Apenas 63 deles concordaram em participar, mas 3 deles votaram em mais de um nome.

Simonsen nasceu no Rio de Janeiro e formou-se em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, vindo a doutorar-se em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, em 1973. Quem conviveu com ele, dizem, nunca deixava de notar sua enorme inteligência e o apetite insaciável com o qual atacava de tudo, desde problemas de matemática, economia e física até obras de música erudita, sem falar no grande apetite por comida propriamente dita e no consumo de vários maços de cigarro ao dia.

Como se o sucesso acadêmico não bastasse, Simonsen também se tornou conhecido como empresário (Banco Bozano-Simonsen), ministro (Fazenda, entre março de 1974 e março de 1979; e Planejamento, entre março e agosto de 1979), consultor nacional e internacional, colunista e personagem da mídia. Ainda assim, disputas entre os admiradores de Simonsen e de Furtado sempre existirão, pois refletem a própria disputa entre os pensamentos econômicos ortodoxo e heterodoxo. Mas não resta dúvida que, entre Simonsen e Furtado, o maior gênio foi o primeiro, bem como o maior polímata.

Prova disso é um o último livro de Simonsen, “Ensaios Analíticos”, o qual, por absoluta coincidência, eu havia recomeçado a ler pouco antes de anunciado o resultado da pesquisa do Valor.

Compilado em 1994, a partir das apostilas de um curso de Metodologia Científica organizado para a Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas, o livro é para poucos. E poucos poderiam tê-lo escrito. A compreensão de todos os assuntos abordados em “Ensaios Analíticos” exige o domínio de vastas porções de áreas como filosofia, matemática, física, música e economia. E, se a matemática de Simonsen é mais avançada do que aquela ensinada nos cursos tradicionais de engenharia, a teoria econômica dele também é mais avançada do que aquela ensinada nos cursos de economia.

Para os ex-alunos de Simonsen, nada disso é novidade. Afinal, as aulas dele eram famosas pela baixa freqüência por parte dos alunos, pois poucos conseguiam acompanhar seu raciocínio rápido e seu elevado nível matemático. Apesar disso, dessa vez estou determinado a acabar os “Ensaios Analíticos”. Faltam apenas 150 das quase 430 páginas!

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[1] Valor Econômico. 10 ago. 2007. Disponível (para assinantes) em: <http://www.valor.com.br/valoreconomico/285/euefimdesemana.html>.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Deputados federais, lá e cá

Circula pela internet uma apresentação intitulada simplesmente “A quem interessar possa”, onde o autor faz uma comparação entre os rendimentos dos nossos deputados federais e os dos “deputados ingleses”. Longe de mim querer defender políticos de qualquer um dos lados do Atlântico, mas, como já recebi a referida apresentação três vezes, resolvi investigar a veracidade das afirmações.

O autor da apresentação alega que os “deputados ingleses”:

  • Não têm lugar certo e reservado onde sentar-se na Câmara dos Comuns.
  • Não têm escritórios, não têm secretários, nem automóveis.
  • Não têm residência paga pelo Parlamento.
  • Não têm passagem de avião gratuita, salvo quando a serviço do Parlamento.
  • Seus salários equiparam-se ao de um chefe de seção de qualquer repartição.

Uma investigação rápida mostra que não é bem assim. Em primeiro lugar, a rigor não existem "deputados" no Reino Unido. Existem os "Lords", que não são pagos e nem precisam, e os "Commons", que recebem salários anuais de 60 mil libras (aproximadamente R$ 240 mil). Os Commons, geralmente denominados MPs ("Members of Parliament"), assemelham-se mais aos nossos deputados federais.

Em segundo lugar, de acordo com informações disponibilizadas pelo Escritório de Informações da Câmara dos Comuns [1], os MPs podem solicitar as seguintes verbas adicionais anuais, dentre outras:

  • Gabinete (90 mil libras).
  • Despesas "incidentais" (21 mil libras).
  • Equipamento de informática (3 mil libras, mixaria).
  • Suplemento para não londrinos (2.800 libras).
  • Custos adicionais (23 mil libras).
  • Verba de comunicação (10 mil libras).

Uma outra invenção dos MPs é uma verba anual de 37 mil libras, paga quando de serviços prestados no lugar de membro aposentado, expulso ou falecido.

Vale lembrar que os MPs não têm mandato fixo e têm plano de pensão próprio. Eles permanecem no serviço até a dissolução do Parlamento, até a aposentadoria ou até a morte, o que acontecer antes.

Também é curioso que o autor da apresentação “A quem interessar possa” tenha escolhido justamente a Inglaterra para fazer a comparação, país cujos cidadãos concordam em manter uma monarquia anacrônica, cujo benefício é... qual mesmo?

Finalmente, é evidente que deputados federais e senadores devem ser remunerados de forma justa, pois prestam (ou deveriam prestar) serviços valiosos ao país. Deputados e senadores são representantes do povo e da nação, respectivamente, mas não precisam fazer voto de pobreza. O problema não é esse. O problema não são as verbas oficiais que saem do Parlamento ou do Congresso Nacional para o bolso de seus membros. O problema são as verbas “não oficiais”, as propinas, os recebimentos por serviços escusos e por negociações fraudulentas, a legislação em causa própria. É nesse aspecto que a Inglaterra e vários outros países estão muito à frente do Brasil. É esse aspecto que precisa ser atacado e revisado.

[1] Member’s pays, pensions and allowances. Revised April 2007. Disponível em: <http://www.parliament.uk/documents/upload/M05.pdf >.

terça-feira, agosto 21, 2007

Ralph A. Alpher (1921 – 2007)

Ralph Alpher, físico teórico cujos trabalhos deram origem à moderna teoria do Big Bang, faleceu no último dia 12, em Austin, EUA, devido a complicações respiratórias [1].

Alpher ficou conhecido do público brasileiro em outubro do ano passado, quando o programa “Fantástico” exibiu o sexto epísódio da série “Poeira das Estrelas” , apresentado pelo físico Marcelo Gleiser [2]. Alpher, cujos cálculos serviram de apoio à teoria do Big Bang, foi esquecido pela Academia Sueca em 1978, quando o Prêmio Nobel foi dividido entre Arno Penzias e Robert Wilson, responsáveis pela comprovação experimental das previsões de Alpher.

Em 1948, Alpher e Gamow publicaram seus resultados sobre a previsão da existência da “radiação cósmica de fundo”, um resíduo fóssil da grande explosão (“Big Bang”) que deu origem ao universo. George Gamow, um cientista russo exilado, exêntrico e brincalhão, convidou o físico Hans Bethe para assinar o artigo, de modo que os autores formassem o trio “Alpher-Bethe-Gamow”, em analogia às três primeiras letras do alfabeto grego (a pronúncia mais correta de “Bethe” assemelha-se a “Beta”). Essa pequena brincadeira talvez tenha obscurecido a participação de Alpher na descoberta. De fato, Bethe, muito mais conhecido na época e outro grande brincalhão, contribuiu apenas com seu nome, enquanto Alpher fez grande parte do trabalho matemático para o artigo, pois este havia se originado de sua tese de doutorado, orientada por Gamow.

Mesmo assim, não é totalmente correto dizer que o trabalho de Alpher e Gamow não causou impacto. Por exemplo, a defesa da tese de Alpher, em vez de ser conduzida da maneira usual, na presença do orientador, da banca e de algumas outras pessoas, atraiu 300 pessoas ao auditório da George Washington University. No dia seguinte, o Washington Post publicou uma matéria de seis parágrafos, intitulada “O mundo começou em cinco minutos, diz nova teoria”. Poucos meses depois, Alpher publicou outro artigo científico, no qual previa corretamente que a radiação de fundo ainda estava presente e poderia ser medida, apesar do ceticismo a respeito do Big Bang.

Em 1964, Arno Penzias e Robert Wilson, então nos Laboratórios Bell, estavam trabalhando na instalação de um receptor de microondas ultra-sensível, destinado a observações radioastronômicas. Ao apontarem a antena em direção ao espaço, Penzias e Wilson captaram um chiado, que não deveria existir e do qual não conseguiam se livrar.

Após rejeitarem várias hipóteses para o ruído, inclusive tendo limpado as feses de pombos deixadas sobre a antena (às quais Penzias denominou de “material dielétrico branco”), Penzias ouviu falar sobre um radiotelescópio que estava sendo construído por cientistas de Princeton, o qual tinha o objetivo de dedectar a radiação de fundo do Big Bang. Ligando os fatos, Penzias e Wilson concluiram que o ruído captado pela antena era justamente aquele causado pela radiação de fundo e publicaram um artigo científico, o qual, ajudado pela reputação dos Laboratóriso Bell, ganhou grande notoriedade. O artigo não citava os trabalhos de Alpher e Gamow, embora Penzias tenha citado os dois cientistas dezenas de vezes em sua palestra de aceitação do Nobel [3].

Também não é totalmente correto dizer que, tendo sido esquecido pela Academia Sueca, Alpher foi esquecido também pelo mundo científico. Em 1975, ele recebeu o Prêmio Magalhães, da Sociedade Filosófica Americana, e a Medalha John Price Wetherill, do Instituto Franklin. Em 1993, Alpher recebeu a Medalha Henry Draper, da Academia Nacional de Ciências e, em 2005, ele recebeu a Medalha Nacional de Ciências, o maior prêmio científico oferecido a cientistas norte-americanos.

Alpher, o sobrevivente de um derrame que aparece na série “Poeira das Estrelas”, foi certamente injustiçado pela Academia Sueca, mas não foi de forma alguma um fracassado. Talvez tenha faltado a ele uma certa dose de marketing, talvez a ironia do artigo “Alpher-Bethe-Gamow” não tenha sido bem compreendida pela Academia Sueca, talvez ele tenha ficado decepcionado com a curta duração do entusiasmo em torno de sua tese de doutorado. Mesmo assim, ele continuou trabalhando até 2004, publicando artigos e contribuindo para o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da General Electric. A inscrição na Medalha Nacional de Ciências, concedida a ele em 2005 e recebida pelo seu filho Victor Alpher em 2007, diz: “Pelo trabalho sem precedentes nas áreas da nucleosíntese, pela previsão de que a expansão do universo produz uma radiação de fundo remanescente, e por fornecer um modelo para a teoria do Big Bang” [4]. Essa honraria, concedida a menos de 500 cientistas de todas as áreas, desde 1959, é considerada por muitos como mais importante do que o próprio Nobel.

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[1] SULLIVAN, Patricia. “Ralph A. Alpher; Physicist Published Theory of Big Bang. Washington Post. Aug. 14, 2007. Disponível em <http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/08/13/AR2007081301014.html>
[2] GLEISER, Marcelo. “Poeira da estrelas: o verdadeiro descobridor do universo”. Disponível em <http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM545706-7823-POEIRA+DAS+ESTRELAS+O+VERDADEIRO+DESCOBRIDOR+DO+UNIVERSO,00.html>
[3] PENZIAS, Arno. “The origin of elements”. Nobel Lecture, Dec. 8, 1978. Disponível em <http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1978/penzias-lecture.pdf>.
[4] The President's National Medal of Science: Recipient Details. Disponível: <http://www.nsf.gov/od/nms/recip_details.cfm?recip_id=5300000000427>.

quinta-feira, agosto 16, 2007

O programa REUNI e taxas de conclusão dos cursos de graduação

No último 24 de julho, o Ministério da Educação lançou o REUNI – Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, cujo objetivo é “criar condições para a ampliação e permanência na educação superior, no nível de graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais” [1].

A adesão ao REUNI será voluntária, mas a universidade que o fizer deverá se comprometer a atender uma série de metas, uma das quais é, em um prazo de cinco anos, elevar progressivamente a taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais até atingir 90%.

Educação é um dos mundos onde atuo profissionalmente. Naturalmente, isso não me qualifica a tecer considerações precisas sobre políticas educacionais de âmbito nacional, mas me qualifica a pensar sobre o que acontecerá nas salas de aula quando metas de aprovação de 90% forem instituídas. Da minha experiência de alguns anos, embora restrita a apenas um curso de graduação e a outro de pós-graduação, posso garantir que 10% é uma taxa menor do que a taxa de desistência média dos cursos de ciências exatas. Assim, uma média de aprovação de 90% significará que todos os alunos que não desistirem terão sido aprovados em determinadas disciplinas. Resta saber se isso é bom.

Minha meta pessoal de aprovação (100%) é muito mais ambiciosa do que a do MEC. Raramente a atingi. Alguns alunos frequentemente desistem antes mesmo de começar, não comparecendo a aula alguma. Alguns alunos, como naquela anedota do escoteiro que queria forçar a velhinha a atravessar a rua, parecem ter outras prioridades. Que tipo de gestão os professores poderão ter sobre tais alunos? Nas atuais circunstâncias, eles não têm gestão alguma. No âmbito do REUNI, talvez esses alunos, que desistem ao sinal da menor brisa, acabem por pensar que serão obrigatoriamente aprovados, por causa da meta de aprovação média, e persistirão até o final, colocando o professor em uma situação difícil.

Aprovar alunos é a coisa mais fácil que existe. Reprovar alunos, idem. Qualquer professor com alguma experiência sabe como elaborar provas e como corrigí-las de maneira a conseguir qualquer resultado desejado. Contudo, não é isso que se espera de um professor. Não se espera que ele faça dos alunos meros joguetes de suas ambições e expectativas. Pelo contrário, espera-se que ele seja justo e que ele saiba cobrar exatamente o que ensinou. E, mesmo nas felizes e raras situações em que isso ocorre, não se pode forçar os alunos a terem honestamente o desempenho desejado, nem mesmo em termos médios.

As intenções do MEC, todos sabemos, são as melhores possíveis. Todavia, uma política educacional efetiva deveria se concentrar na qualidade de ensino dos cursos de graduação, não nos níveis de conclusão. Cursos de boa qualidade, com professores motivados e bem preparados, infraestrutura adequada, material de ensino atualizado, etc, fatalmente resultarão em bons níveis de aprovação. Implantar uma política educacional que almeje níveis obrigatórios de aprovação, por outro lado, implicará no risco de, em vez de se aumentar a qualidade do ensino, reduzir-se o nível das provas, resultado que será ruim para todos.

[1] MEC – Ministério da Educação. Diretrizes do REUNI. 27 jul. 2007. Disponível:
http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/apresentacaoreuni.pdf

quinta-feira, agosto 02, 2007

CEFET-SC realiza Concurso Público

O Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina – CEFET-SC – realizará Concurso Público para o preenchimento de vagas de vários cargos de nível fundamental, médio, magistério e superior. As inscrições podem ser feitas online até 14 de agosto próximo. Informações adicionais estão disponíveis em http://www.cefetsc.edu.br/concurso .