Mário Henrique Simonsen, o maior economista brasileiro
A vitória foi justa, nos dois sentidos da palavra: foi apertada, e a justiça foi feita. Em uma pesquisa organizada pelo jornal Valor Econômico, o professor Mário Henrique Simonsen (1935 – 1997) foi escolhido por 27 de 63 economistas entrevistados como o mais importante economista brasileiro. Celso Furtado (1920 – 2004) ficou em segundo lugar, com 25 votos, seguido de Eugênio Gudin e Roberto Campos.
A pesquisa do Valor não foi científica e não seguiu uma metodologia rigorosa. O jornal apenas procurou 100 economistas de várias orientações e pediu que citassem o “economista brasileiro mais importante da história”. Apenas 63 deles concordaram em participar, mas 3 deles votaram em mais de um nome.
Simonsen nasceu no Rio de Janeiro e formou-se em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, vindo a doutorar-se em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, em 1973. Quem conviveu com ele, dizem, nunca deixava de notar sua enorme inteligência e o apetite insaciável com o qual atacava de tudo, desde problemas de matemática, economia e física até obras de música erudita, sem falar no grande apetite por comida propriamente dita e no consumo de vários maços de cigarro ao dia.
Como se o sucesso acadêmico não bastasse, Simonsen também se tornou conhecido como empresário (Banco Bozano-Simonsen), ministro (Fazenda, entre março de 1974 e março de 1979; e Planejamento, entre março e agosto de 1979), consultor nacional e internacional, colunista e personagem da mídia. Ainda assim, disputas entre os admiradores de Simonsen e de Furtado sempre existirão, pois refletem a própria disputa entre os pensamentos econômicos ortodoxo e heterodoxo. Mas não resta dúvida que, entre Simonsen e Furtado, o maior gênio foi o primeiro, bem como o maior polímata.
Prova disso é um o último livro de Simonsen, “Ensaios Analíticos”, o qual, por absoluta coincidência, eu havia recomeçado a ler pouco antes de anunciado o resultado da pesquisa do Valor.
Compilado em 1994, a partir das apostilas de um curso de Metodologia Científica organizado para a Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas, o livro é para poucos. E poucos poderiam tê-lo escrito. A compreensão de todos os assuntos abordados em “Ensaios Analíticos” exige o domínio de vastas porções de áreas como filosofia, matemática, física, música e economia. E, se a matemática de Simonsen é mais avançada do que aquela ensinada nos cursos tradicionais de engenharia, a teoria econômica dele também é mais avançada do que aquela ensinada nos cursos de economia.
Para os ex-alunos de Simonsen, nada disso é novidade. Afinal, as aulas dele eram famosas pela baixa freqüência por parte dos alunos, pois poucos conseguiam acompanhar seu raciocínio rápido e seu elevado nível matemático. Apesar disso, dessa vez estou determinado a acabar os “Ensaios Analíticos”. Faltam apenas 150 das quase 430 páginas!
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[1] Valor Econômico. 10 ago. 2007. Disponível (para assinantes) em: <http://www.valor.com.br/valoreconomico/285/euefimdesemana.html>.
Prezado Álvaro,
ResponderExcluirEu me julgava um cara muito inteligente, até o dia em que esse livro caiu no meu colo.
O Simonsen é tão perspicaz e tão bem sucedido em tantos campos diferentes que sua leitura é uma agradável ducha gelada no ego de qualquer um.
É verdade. Mas dessa vez não pretendo desistir! Aguarde comentários.
ResponderExcluir[ ]s
Alvaro Augusto
Roberto Campos foi o melhor.
ResponderExcluirGostaria que o Autor Comentasse como teve participação de mais de 100 bilhões do confisco do dinheiro da população Brasileira na administração do Fernando Collor de Mello
ResponderExcluirOlá Marcelo,
ExcluirNão sou qualificado para analisar a interferência de Simonsen no Plano Collor. Em vez disso, sugiro uma leitura, mesmo que superficial, de um artigo no qual Simonsen explica vários aspectos do plano: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/viewFile/483/7586