Produção de energia termelétrica no Brasil
Houve um tempo em que a produção de energia elétrica brasileira era basicamente de origem hidrelétrica, com usinas termelétricas acionadas somente em situações de graves restrições hídricas. Este quadro começou a mudar particularmente após o racionamento de 2001/2002, quando usinas termelétricas emergenciais foram contratadas para evitar o agravamento do quadro. Nossa produção ainda é bastante hidrelétrica, como mostra a figura abaixo, mas, em alguns momentos dos últimos cinco anos, nossa produção termelétrica (nucleares inclusas) chegou a ultrapassar 15% do total.
Os maiores níveis de produção termelétrica ocorreram no início de 2008, quando todas as termelétricas disponíveis foram convidadas a despachar, e entre agosto e dezembro de 2010. No primeiro caso o ONS autorizou o despacho termelétrico, fato totalmente inusitado no início do ano, por causa do atraso da chegada do período úmido, que estava deplecionando os reservatórios do Sudeste a uma taxa preocupante. O segundo caso é talvez mais complicado. Por causa dos desligamentos ocorridos nas linhas de Itaipu em novembro de 2009, esta usina passou a operar com produção reduzida entre dezembro de 2009 e junho de 2010. O decréscimo de produção de Itaipu foi compensado pelas demais hidrelétricas, especialmente até maio de 2010, como indica o gráfico, quando o período seco já estava em curso. O resultado foi que, embora o armazenamento do Sudeste tenha iniciado o ano de 2010 no melhor nível dos últimos cinco anos (73%), em meados de novembro de 2010 este nível estava em 41%, ainda pior do que o nível no mesmo período de 2007 (50%). Como resultado, as termelétricas foram novamente acionadas.
A figura abaixo mostra a variação produção termelétrica (carvão, gás, diesel e óleo combustível - nucleares exclusas), em MW médios diários e em termos médios mensais, do início de novembro de 2007 ao final de junho de 2011. O pico de 8.000 MW médios em setembro de 2010 corresponde a 16% da produção eletroenergética total do período, evidenciando que temos lançado mão de todos nossos recursos disponíveis quando necessário (mesmo que tais medidas tenham sido severamente criticadas, como foi o caso de 2010). Já se foi a era de um sistema predominantemente hidrelétrico, composto por vários reservatórios plurianuais. E esta era acabou tão rápido que alguns livros-texto talvez nem tenham sido ainda atualizados.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir