Brasil e Croácia: 90 minutos de chatice
Com a maior boa vontade do mundo, sentei-me para assistir ao jogo no qual o Brasil demoliria a seleção da Croácia. Depois de várias semanas ouvindo a propaganda de Parreira & Cia, eu tinha certeza que nossos heróis da super-hiper-mega-ultra seleção pentacampeoníssima do mundo não dariam a menor chance para aquele timinho vestido com toalhas de cantina italiana. Mesmo do fundo do meu coração de anti-torcedor, eu tinha certeza que o Brasil passaria com folga pela Croácia e que só viria a encontrar dificuldades com a Austrália. Como não sou entendido em futebol, me enganei.
O que vi foram 90 minutos da mais pura e indescritível chatice, e não me refiro somente à narração de Galvão "Magdo" Bueno. Foram 90 minutos que poderiam ser confortavelmente comprimidos em menos de 5, incluindo aquele gol que até um canguru perneta faria. É por isso que os norte-americanos não gostam de futebol. Eles sabem que tempo é dinheiro.
O fator de capacidade do futebol é realmente decepcionante. São minutos e mais minutos da mais pura chateação: jogadores passando a bola um para o outro, faltas, escanteios, laterais, tiros de meta, torcedores invadindo o campo. De vez em quando, muito de vez em quando, acontece alguma coisa diferente e os torcedores inocentes saem com a sensação de que aqueles momentos valeram pelo jogo inteiro. Pois eu declaro solenemente que não valeram! Futebol é enganação.
Estamos todos sendo enganados pela mídia e por essa cultura futebolística. É preciso retirar o foco do futebol e direcioná-lo para as coisas que realmente importam, como prêmios Nobel, tecnologia de ponta, livros, ciência, educação. Enquanto formos apenas o país do futebol, nunca conseguiremos dos outros países o respeito tão desejado por essa nossa alma latina atormentada por um complexo de inferioridade perene.
E, para mostrar que desgraça pouca é bobagem, depois de vermos nossos jogadores milionários penarem para bater a Croácia, um país que poucos brasileiros conseguem identificar no mapa, com o "Magdo" dizendo que essa é a "maior Copa do Mundo de todos os tempos", a televisão ainda nos brindou com as imagens de Zagallo, com aquele jeitão de Prof. Farnsworth, pedindo pateticamente para alguém trocar de camisa com ele.
Mas domingo que vem tem mais. Como estarei em casa, pelo menos poderei adiantar a leitura de "O Tecido do Cosmo" durante o jogo. Brian Greene, ao contrário de Parreira & Cia, nunca decepciona.
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