Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos - SBSE 2006
O SBSE 2006 veio e se foi. O CD com os anais foi inacreditavelmente entregue no momento do registro e meu artigo está lá: "Política Tarifária e Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente de Contratação Livre".
O simpósio ocorreu no Centro de Convenções Raymundo Asforda, anexo ao Garden Hotel, Campina Grande, Paraíba. O hotel foi inaugurado em abril de 2006, como resultado de uma parceria público-privada, e tem padrão cinco estrelas. Apesar disso, nem todos os quartos estão funcionando, pois encontrei um deles que ainda vai demorar para ficar pronto. O quarto em que fiquei ainda tinha alguns resquícios de cimento aqui e lá e o carpete guardava marcas de obras recentes.
Cheguei somente no segundo dia do simpósio, às quatro horas da manhã de terça-feira, depois de quase onze horas de viagem. Peguei um taxi até o hotel e tenho quase certeza que o motorista pretendia me assaltar, pois ele fez um caminho muito estranho, pegando ruas de terra repletas de buracos, mas deve ter desistido na última hora. Amadores! Além disso, ele não tinha troco para uma corrida de R$ 20, que eu pretendia pagar com uma nota de R$ 50. Teve que voltar no outro dia para pegar o dinheiro. Na volta, já na quinta-feira, o motorista da perua (que hoje em dia todo mundo insiste em chamar de "van"), fez um caminho completamente diferente, mais curto e por ruas asfaltas.
É interessante que saí de Curitiba com 30°C e a seca mais violenta dos últimos 10 anos, mas cheguei em Campina Grande com uma temperatura mais amena e um pouco de chuva. Esse mundo do século XXI está mesmo virado de cabeça para baixo!
Tendo ido dormir depois das cinco da manhã, acordei às nove, tomei o café da manhã (muito bom, mas ainda precisando evoluir para chegar a um verdadeiro nível cinco estrelas) e fui assistir às seções técnicas, todas elas sobre sistemas de potência. Para minha surpresa, consegui entender muita coisa, mas os trabalhos são de altíssimo nível, envolvendo o uso de C++ para cálculo de fluxo de potência, busca vertical, algoritmos genéticos e outras coisas. Na área de máquinas elétricas, o uso do MatLab e do Simulink tem sido uma constante. Vou ter que aprender essas coisas, não tem jeito.
As palestras da tarde de terça-feira foram interessantes, versando sobre linhas de transmissão de capacidade aumentada e automação de subestações, mas as palestras da manhã de quarta-feira foram ainda mais interessantes, versando sobre o Plano Decenal de Expansão, sobre o ONS e sobre manutenção em subestações de alta tensão. Após minha pergunta, o palestrante do ONS garantiu que a situação energética no Sul está sob controle, não havendo motivação política para não ter se decretado o racionamento.
As seções "pôster" ocorreram na tarde da quarta-feira. Encontrei lá dois ex-alunos da UTFPR, um deles apresentando um trabalho sobre FACTs e outro apresentando um trabalho sobre gestão de compra de energia no ACR usando algoritmos genéticos. Ambos estão fazendo mestrado na UFPR.
Meu trabalho teve exatamente o impacto esperado, ou seja, quase nenhum. Eu não esperava mais do que isso de um trabalho sobre comercialização de energia apresentado em um simpósio onde os assuntos mais comuns diziam respeito a transmissão, geração e distribuição de energia elétrica. É mais ou menos o mesmo que apresentar um trabalho sobre antidepressivos em um simpósio sobre psicanálise freudiana! Mas, pelo menos, ninguém criticou meu trabalho e ele está nos anais, além de concorrer a uma vaga para a próxima edição da revista IEEE Latin America.
No geral, o simpósio foi muito bem organizado. Menos de uma semana depois do evento, as fotos e artigos já estão disponíveis online, ao contrário de outros seminários por aí, que nunca mais atualizam o website após o encerramento.
Os nordestinos são realmente mais expansivos do que os curitibanos, mas não muito, apesar do sotaque divertido deles. É verdade que eu quase só falei com engenheiros, e somos todos muito parecidos, especialmente nessa era de globalização. Isso piora quando se fica hospedado em um hotel moderno que, apesar das particularidades regionais, é muito parecido com qualquer hotel do mundo. Como em qualquer cidade, os participantes do simpósio agem da mesma maneira, os professores agem como professores, os estudantes agem como estudantes e algumas alunas ainda não aprenderam que não devem comparecer a um compromisso profissonal usando salto 15 e decote panorâmico.
De qualquer forma, é muito melhor ficar no hotel do evento, pois podemos dar uma escapada de vez em quando para checar os e-mails no quarto. Por outro lado, é muito pior ficar no hotel do evento, pela mesma razão (de vez em quando um desses e-mails é um incêndio e lá se vão duas horas de trabalho!).
Apesar do Garden Hotel não ter internet banda larga, e apesar da TV a cabo apresentar uma qualidade de imagem deplorável, há nos quartos um detalhe interessante que não tenho visto por aí: um cofre com segredo digital programável, dentro do qual cabe o laptop inteiro. Um verdadeiro alívio para animais digitais!
O próximo SBSE será realizado em 2008, em Belo Horizonte, e pretendo submeter alguns artigos, dessa vez sobre máquinas elétricas.
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