quarta-feira, abril 13, 2011

Energia eólica no Brasil

As primeiras usinas eólicas brasileiras de porte foram viabilizadas por meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), lançado em 2004. O preço atualizado da energia de tais usinas é superior a R$ 250/MWh, considerado bastante elevado para os padrões atuais. Já no leilão de fontes alternativas de 2009 o preço médio da energia eólica foi de R$ 148,39/MWh, sendo reduzido para R$ 130,86/MWh no leilão de 2010. A energia do Proinfa foi garantida pela Eletrobrás, durante 20 anos, enquanto os leilões de energia alternativa foram firmados no Ambiente de Contratação Regulada (ACR).

A recente queda dos preços indica que brevemente a energia eólica terá se tornado suficientemente competitiva a ponto de ser negociada no Ambiente de Contratação Livre (ACL), comumente conhecido como mercado livre, de forma semelhante ao que ocorre com a energia das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e usinas de biomassa.

Ao final de 2010, a capacidade eólica instalada no Brasil era de 920 MW, conforme mostra a tabela abaixo, representando apenas 0,48% da capacidade eólica mundial e 0,8% da nossa capacidade total de geração. De acordo com o Banco de Informações de Geração na Aneel (BIG), cerca de 506 MW eólicos encontram-se em construção, e pouco mais de 3.406 MW foram outorgados até 2010, mas ainda não tiveram a construção iniciada. Essas novas usinas farão com que nossa capacidade eólica venha a representar, até 2013,  mais de 3,5% de nossa capacidade total.

País
Capacidade eólica
instalada (MW) (*)
Capacidade
adicionada em 2010 (MW) 
(*)
Participação
mundial
China
44.773
18.923
23,12%
Estados Unidos
40.180
5.600
20,75%
Alemanha
27.215
1.551
14,06%
Espanha
20.676
1.572
10,68%
Índia
13.066
1.259
6,75%
Itália
5.797
950
2,99%
França
5.660
1.086
2,92%
Reino Unido
5.204
1.112
2,69%
Canadá
4.008
690
2,07%
Dinamarca
3.734
309
1,93%
Brasil
920
320
0,48%
Outros
            22.397          
4.270
11,56%
MUNDO
193.630
37.642
100,00%

Apesar da timidez desses números, o último relatório da World Wind Energy informa que nosso setor eólico já saiu de sua infância e, de fato, nossa capacidade eólica instalada já representa cerca de 46% da capacidade eólica da América Latina. Contudo, precisaremos ainda de muito investimento para chegarmos sequer perto dos quase 45.000 MW instalados chineses. De acordo com Pedro Terrelli, por exemplo, diretor da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), será necessário que adicionemos 2.500 MW por ano durante os próximos dez anos para que o mercado de energia eólica se estabeleça definitivamente no Brasil. Steve Sawyer, secretário geral da Global Wind Energy Council (GWEC), acredita que isso seja possível e acrescenta que o Brasil pode alcançar de 15% a 20% de capacidade eólica instalada até 2020, vindo a fornecer entre 8% e 10% da energia elétrica consumida no país, a depender das políticas dos próximos governos.

Um dos pontos negativos da energia eólica é seu baixo fator de capacidade, cuja média mundial é de aproximadamente 27%. No caso das PCHs, para fins de comparação, o fator de capacidade mínimo economicamente viável é de 55%, o que significa que, no decorrer de um ano, a usina terá gerado 55% de sua capacidade nominal em MW. No Brasil, entretanto, há locais, como o Ceará e o Rio Grande do Norte, em que o fator de capacidade eólico chega a 40% ou 45%. Além disso, o Brasil tem um dos melhores cenários eólicos do mundo, com grandes áreas desabitadas no semiárido e uma costa extensa, indicando um potencial superior a 350.000 MW.

Dentre os pontos positivos das eólicas estão o baixo impacto ambiental, a inesgotabilidade da fonte de energia primária (o vento) e a ausência de produção de resíduos sólidos ou gasosos. O ruído e o impacto visual podem ser minimizados com a construção de usinas offshore e, nesse caso, o potencial brasileiro é desconhecido, embora provavelmente enorme.
________________
(*) Fonte: World Wind Energy - Statistics & Information Center, 2010. Disponível em http://www.wwindea.org/home/images/stories/pdfs/worldwindenergyreport2010_s.pdf


5 comentários:

  1. Esses 350.000 MW são de capacidade efetiva ou nominal?

    []s,

    Roberto Takata

    ResponderExcluir
  2. Capacidade nominal, ou seja, instalada. A capacidade efetiva seria no máximo 45% desse valor.

    ResponderExcluir
  3. A capacidade efetiva seria como a energia assegurada?
    Imaginava que o fator de capacidade destes empreendimentos fosse baixo, a ponto de levar este indice aos 10 ou 15%.

    []s

    Augusto Poliquezi

    ResponderExcluir
  4. Augusto,

    O fator de capacidade das eólicas relaciona-se à garantia física da usina, anteriormente conhecida como "energia assegurada". Algumas eólicas já têm garantia física definida pelo MME. Dê uma olhada, por exemplo, em http://www.aneel.gov.br/cedoc/prt2011264mme.pdf

    No Brasil, aliando-se as excelentes condições eólicas de alguns sites à evolução tecnológica, o fator de capacidade pode superar 40%.

    [ ]s

    Alvaro

    ResponderExcluir
  5. Eu ja não lia a respeito de Eolicas fazia pelo menos um ano, obrigado pelo esclarecimento.. Alias, fiquei surpreso e feliz por ver o quanto estão adiantados estes projetos no Brasil.

    Grande Abraço!!

    ResponderExcluir