A revisão das Curvas de Aversão ao Risco
Na última terça-feira, 17 de janeiro, a ANEEL publicou sua decisão final sobre a revisão das Curvas de Aversão ao Risco (CARs) dos submercados Sul, Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste [1]. Os novos valores são válidos para o biênio 2012/2013 [2].
As CARs correspondem ao armazenamento mínimo a ser observado para cada submercado e têm dois efeitos sobre o sistema elétrico. Primeiro, quando o armazenamento em determinado submercado se torna inferior à respectiva CAR, todas as usinas térmicas deste submercado devem em princípio ser acionadas, o que eleva os Encargos do Serviço do Sistema (ESS), por causa do maior consumo de combustível. Segundo, as CARs são incorporadas no cálculo dos próprios PLDs. Assim, quando os armazenamentos se tornam próximos às respectivas CARs, mesmo sem atingi-las, os PLDs resultantes são maiores do que aqueles que seriam calculados sem as CARs
As CARs são calculadas para cada biênio e devem ser revistas anualmente pelo ONS até outubro de cada ano, podendo também ser revistas a qualquer momento. As CARs de 2012 já existiam, conforme mostra a figura abaixo (curvas tracejadas). A revisão do último dia 17 (curvas cheias) produziu as seguintes modificações: (1) para os submercados Nordeste e Sul, houve uma redução do armazenamento mínimo de janeiro a novembro e uma elevação em dezembro; (2) para o submercado SE/CO houve uma redução de janeiro a março e um aumento de abril a dezembro. Assim, tornou-se mais fácil garantir os armazenamentos mínimos no Nordeste e no Sul e um pouco mais difícil no SE/CO, embora não muito.
Desde que foram criadas, em 2001, a CAR menos problemática tem sido a do Sul, nunca atingida. A CAR do Nordeste quase foi atingida em outubro de 2010, fazendo com que os PLDs mensais do Norte e do Nordeste atingissem R$ 229 /MWh, enquanto os PLDs do Sul e do SE/CO mantiveram-se em R$ 138/MWh. Finalmente, a CAR do SE/CO foi atingida em janeiro de 2008, fazendo com que o PLD mensal atingisse aproximadamente R$ 500/MWh em todos os submercados.
A revisão das CARs é um dos três fatores que podem afetar o PLD em 2012. Os outros dois são: (1) a revisão do consumo de energia (carga) usado para calcular o PLD e; (2) a decisão do que fazer com algumas usinas da Bertin consideradas no modelo que calcula o PLD. Tais usinas, que deveriam ter entrado em operação em 2011, não devem acarretar problemas no fornecimento de energia, mas podem elevar o PLD se retiradas do modelo [3]. Apesar de tudo, 2012 deverá ser um ano de PLDs baixos ou médios.
[1] ANEEL aprova revisão das Curvas de Aversão ao Risco para biênio 2012/2013, http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=5114&id_area=90
[2] CARs para 2012/2013, http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Curvas%202012.pdf
[3] Governo avalia exclusão de usinas da Bertin do sistema, http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/governo-avalia-exclusao-de-usinas-da-bertin-do-sistema
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