O ritmo das chuvas no Sudeste
Assunto onipresente nos noticiários brasileiros atuais são as enchentes em Minas Gerais e em outros estados do Sudeste. Junto com as chuvas voltam à cena os questionamentos sobre a necessidade de investimentos em prevenção e contenção de cheias, os quais se atenuarão exponencialmente a partir de março, extinguindo-se quase completamente por volta de julho. Todavia, o ritmo das chuvas na região Sudeste é tão conhecido que o Setor Elétrico, por exemplo, trabalha há muito tempo com os conceitos de "período seco" (de maio a novembro) e "período úmido" (de dezembro a abril).
O gráfico abaixo mostra o comportamento da "Energia Natural Afluente" (ENA), ou simplesmente "vazão afluente", para os cinco últimos anos do submercado Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO). Embora a ENA não represente toda a vazão em determinada região, mas apenas aquela parcela que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas, já dá para se ter uma ideia muito boa do quadro geral das chuvas. A "Média de Longo Termo" (MLT) representa as vazões médias mensais calculadas para a série histórica de vazões, que contém dados desde 1931.
O gráfico deixa claro que os últimos quatro anos se encerraram com vazões acima da MLT. Para os consumidores de energia isso em geral é bom, pois significa que os reservatórios estão se enchendo, de modo que o período seco poderá ser enfrentado de maneira mais confortável, sem que muitas usinas termelétricas sejam acionadas. Para quem mora em áreas afetadas por enchentes, contudo, vazões acima da MLT não são notícia tão boa, como deixam claro as cenas de cidades alagadas e casas submersas. O detalhe é que tais cenas sairão dos noticiários à medida que as águas forem baixando e só retornarão por volta de dezembro próximo, dando a ilusão de que o problema fora resolvido em meados do ano.
E assim prossegue o ritmo das chuvas.
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