E o mundo não acabou!
O comitê de produção do fim do mundo informa: "por causa de falta de energia elétrica em nossos estúdios, sentimos informar que o evento foi adiado mais uma vez"...
Para nós, ontem, 21 de maio, foi um sábado como todos os outros, mas para os membros do "Ministério Family Radio" certamente foi uma decepção. Afinal, para eles ontem deveria ter sido o "dia do julgamento", quando os fieis deveriam ter sido arrebatados em vida ao céus, deixando os infieis aqui na Terra, sem rumo e sem saber o que aconteceu.
O que me deixa realmente impressionado e, na condição de professor, até um pouco aterrorizado, é que a maioria desses cultos fundamentalistas apocalípticos venha dos Estados Unidos, país de primeiro mundo, dono de um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,902, número que os coloca em quarto lugar em termos de desenvolvimento humano. Eu não ficaria surpreso se tais "profecias" viessem de países como Zimbábue, Nigéria e outros que concentram os piores IDHs do planeta, mas que venham dos EUA é mais ou menos como se cientistas africanos, trabalhando em terra natal, ganhassem o Nobel de física por anos seguidos.
Cultos apocalípticos existem também no Brasil, são em grande parte importados dos EUA e têm grande penetração entre os brasileiros. Na adolescência, aquela idade sem juízo e sem razão, tive contato com um deles e, vindo de uma educação católica, fiquei realmente impressionado. Além da crença no "arrebatamento", para o qual, usando um pouco de bom senso, eles não fixavam data, o que me deixou mais intrigado foi o fenômeno da "glossolalia", que ocorria quando, em meio à exaltação do culto, algumas pessoas passavam a falar em "línguas estranhas". Hoje sei que falar em uma língua estranha é muito fácil (difícil mesmo é falar em uma língua que os outros entendam). Da mesma forma, interpretar aquilo que outro disse em uma língua estranha é ainda mais fácil. Afinal, quem em meio deles poderá contestar a interpretação?
Não sei se o pessoal do "Ministério Family Radio" fala outra língua que não o inglês, mas, mesmo falando só inglês, eles parecem ter arrebanhado várias almas ingênuas o bastante para doarem tudo o que tinham, abandonando suas vidas na esperança de serem os eleitos. Só que os Vogons não vieram e quem estava certo era meu pai, que dizia, do alto de sua sabedoria um pouco solipsista: "o mundo só acaba para quem morre". Assim, até que os golfinhos comecem a desaparecer, nada de pânico!
Para nós, ontem, 21 de maio, foi um sábado como todos os outros, mas para os membros do "Ministério Family Radio" certamente foi uma decepção. Afinal, para eles ontem deveria ter sido o "dia do julgamento", quando os fieis deveriam ter sido arrebatados em vida ao céus, deixando os infieis aqui na Terra, sem rumo e sem saber o que aconteceu.
O que me deixa realmente impressionado e, na condição de professor, até um pouco aterrorizado, é que a maioria desses cultos fundamentalistas apocalípticos venha dos Estados Unidos, país de primeiro mundo, dono de um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,902, número que os coloca em quarto lugar em termos de desenvolvimento humano. Eu não ficaria surpreso se tais "profecias" viessem de países como Zimbábue, Nigéria e outros que concentram os piores IDHs do planeta, mas que venham dos EUA é mais ou menos como se cientistas africanos, trabalhando em terra natal, ganhassem o Nobel de física por anos seguidos.
Cultos apocalípticos existem também no Brasil, são em grande parte importados dos EUA e têm grande penetração entre os brasileiros. Na adolescência, aquela idade sem juízo e sem razão, tive contato com um deles e, vindo de uma educação católica, fiquei realmente impressionado. Além da crença no "arrebatamento", para o qual, usando um pouco de bom senso, eles não fixavam data, o que me deixou mais intrigado foi o fenômeno da "glossolalia", que ocorria quando, em meio à exaltação do culto, algumas pessoas passavam a falar em "línguas estranhas". Hoje sei que falar em uma língua estranha é muito fácil (difícil mesmo é falar em uma língua que os outros entendam). Da mesma forma, interpretar aquilo que outro disse em uma língua estranha é ainda mais fácil. Afinal, quem em meio deles poderá contestar a interpretação?
Não sei se o pessoal do "Ministério Family Radio" fala outra língua que não o inglês, mas, mesmo falando só inglês, eles parecem ter arrebanhado várias almas ingênuas o bastante para doarem tudo o que tinham, abandonando suas vidas na esperança de serem os eleitos. Só que os Vogons não vieram e quem estava certo era meu pai, que dizia, do alto de sua sabedoria um pouco solipsista: "o mundo só acaba para quem morre". Assim, até que os golfinhos comecem a desaparecer, nada de pânico!
Nenhum comentário:
Postar um comentário