E, após várias primaveras, morre o trema
Desde ontem o trema não existe mais, ao menos na língua portuguesa. Alemães, holandeses, suecos e outros povos continuarão usando esse sinal gráfico sem o menor pudor. Mas, se os alemães são conservadores em relação ao trema, em outros aspectos não fomos tão corajosos quanto eles, pois essa reforma ortográfica, que acabou com o trema, não conseguiu acabar com o hífen (os alemães "grudam" palavras sem o menor problema). Também fico satisfeito com o fim de acentos gráficos em palavras como "bóia" (agora "boia") e "idéia" (agora "ideia"), mas a "matança", por assim dizer, foi incompleta.
Alguns gramáticos justificam a reforma alegando que o português é (ou era) um caso raro de língua grafada de maneira não uniforme entre os vários povos falantes. O espanhol, por exemplo, á falado com vários sotaques no mundo inteiro, mas mantém a mesma grafia em todos os lugares. Por outro lado, o inglês, uma das línguas mais faladas no mundo, também sofre dessa falta de uniformidade na grafia. Por exemplo, norte-americanos escrevem "center" e "theater", enquanto britânicos escrevem "centre" e "theatre", e ninguém pensa em mudar isso.
Outros gramáticos, contudo, posicionam-se contra a reforma, alegando que os falantes de outras línguas, como o francês, não se importam em grafar várias palavras de maneira quase medieval. De todo modo, a reforma é lei, está aí para ficar e o único jeito é nos adaptarmos a ela. Os editores de dicionários agradecem. Da minha parte, já começo minha campanha para a reforma ortográfica de 2049: abaixo o hífen!
Caro Álvaro,
ResponderExcluirTenho minhas dúvidas quanto à importância da reforma ortográfica, já que trará vários inconvenientes, tais como: gastos com livros escolares, que passarão a ser usados após o prazo estabelecido na Lei; acostumar-se com o que já estava estabelecido, o que era cômodo; falar de um jeito e escrever de outro modo, já que não existirá lei que obrigue um povo a falar como se escreve.
Para Portugual, o prejuízo será ainda maior, pois lá a mudança ortográfica terá um peso três vezes maior que no Brasil. Eles também não estão gostando dessa mudança.
Então, resta-nos escrever de uma maneira e falar de outra, como, aliás, já acontencia por aqui, só que agora a diferênça entre essas formas de expressão será bem mais 'visível'.
Pedro Luso
Caro Pedro,
ResponderExcluirTambém não sou favorável à reforma, mas, já que ela foi feita, poderia ter sido feita de maneira mais completa. Felizmente, hoje temos corretores ortográficos, que irão minimizar o problema. O povo, por outro lado, vai continuar falando da maneira como sempre falou: com muita originalidade e criatividade.
Abraços