domingo, agosto 26, 2012

Neil Armstrong (1930-2012)

Quando eu estava na quinta ou sexta série, lá pela segunda metade da década de 70, fiquei razoavelmente indignado quando perguntei a um colega se ele sabia quem era Armstrong e ele respondeu que era um trompetista e cantor de jazz. Para mim, aquilo estava perto do cúmulo da ignorância e da heresia. Para mim, havia apenas um Armstrong e ele não era somente o primeiro homem a pisar na Lua. Era também uma lenda,  um mito, um herói a ser seguido. Mas, para dizer a verdade, vivendo no Brasil da década de 70, não havia muito a saber sobre Armstrong, a não ser a partir dos pequenos textos espalhados por enciclopédias e especiais sobre a conquista da Lua.

Anos mais tarde, já na era da internet, quando, para minha desolação, eu já havia descoberto que não havia astronautas no Brasil, pude tomar contato com arquivos de áudio e vídeo da missão Apollo 11. Hoje, na era do YouTube, esses vídeos são mais fáceis de encontrar do que as canções do outro Armstrong. Para mim, a frase mais importante da missão não foi aquela  pronunciada por Armstrong ao pisar sobre o solo lunar, ensaiada e dita após toda a tensão do pouso, mas sim a frase dita quando a Águia pousou: "Houston, Tranquility Base here. The Eagle has landed". Hoje, quem acompanha as calmas palavras de Armstrong antes do pouso, imagina que ele estivesse descrevendo um percurso conhecido e tranquilo e não um caminho jamais trilhado, em meio ao mais hostil dos ambientes. Eu certamente ficaria mais nervoso do que aquilo jogando videogame!

Armstrong dizia não merecer todas as homenagens que recebeu, pois a missão Apollo 11 foi resultado do esforço coletivo de muitos profissionais, não só dele. Ele está certo, claro, mas houve ao menos um momento em que tudo dependeu dele. Ao notar que o Módulo Lunar estava se dirigindo a um local de pouso provavelmente inseguro, Armstrong assumiu  o controle manual e tentou encontrar um local mais seguro, demorando mais do que o previsto para pousar e deixando o módulo com não mais de 50 segundos de combustível. Esta mudança do local de pouso salvou a missão, mas deu origem a muitas teorias da conspiração. Segundo uma delas, o local original de pouso estaria ocupado por uma base alienígena, daí a necessidade da mudança!

A teoria da conspiração mais famosa diz que tudo não passou de uma simulação, de um filme produzido pelos melhores estúdios norte-americanos. Embora até os MythBusters já tenham provado que tais teorias não podem ser corretas, para mim, a maior prova de que a missão Apollo 11 foi real é que, pouco depois do pouso da Águia, os soviéticos começaram a desmontar seu próprio programa lunar. E, certamente, não havia ninguém mais bem informado sobre as ações dos norte-americanos do que os soviéticos! Os adeptos das teorias da conspiração, é claro, dirão que os soviéticos faziam parte da conspiração e prosseguirão  com sua perda de tempo.

E ontem, pouco mais de 43 anos depois daquele célebre pouso no Mar da Tranquilidade, Armstrong nos deixou. Depois do encerramento do programa Apollo, depois até mesmo do encerramento do programa de ônibus espaciais norte-americanos, não é apenas triste enfrentarmos o fato de que até mesmo heróis como Armstrong devem nos deixar. É também triste enfrentarmos o fato de que, a cada ano que passa, fica mais difícil explicarmos para as crianças quem foram aqueles heróis de julho de 1969, bem como convencê-las de que tudo aquilo realmente aconteceu.




2 comentários:

  1. Olá Alváro! Eu não fui escoteiro como o Neil, mas vi uma frase que "numa próxima roda ao redor do fogo nos encontraremos".
    Ainda no CEFET-PR conheci uma garota 5 anos mais nova e que não acreditava nas imagens. Fazer o quê imaginação prá tudo, parodiando essa.
    Mas numa conversa com o professor Baldessar na opinião dele as missões tripuladas são a coisa mais maluca que alguém pode fazer se não fosse a guerra fria, haja vista a tecnologia de hoje.

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  2. O prof. Baldessar está certo. Tanto que os escolhidos para as missões foram pilotos de jatos de combate e de testes, já acostumados a um nível insano de risco. Isso fica claro no filme "Os Eleitos" (1983), que conta a história do programa Mercury.

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