Nasa descobre glicina em amostras do cometa Wild 2
O Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) noticiou ontem que cientistas da Nasa descobriram glicina, elemento fundamental para a formação da vida, em amostras do cometa Wild 2, trazidas à Terra pela sonda Stardust em 2006.
A glicina é o menor dos vinte aminoácidos encontrados comumente nas proteínas dos organismos vivos e é a primeira vez que se descobre uma substância como esta em uma amostra de um cometa. A descoberta reforça a teoria de que alguns dos ingredientes necessários à vida foram formados no espaço e trazidos à Terra por meio do impacto de meteoritos e cometas.
A espaçonave Stardust ("Poeira estelar") foi lançada em 7 de fevereiro de 1999, navegou cinco bilhões de quilômetros e encontrou-se com o cometa Wild 2 em 2 de janeiro de 2004, atravessando a densa nuvem de gás que recobre o astro. Ao voar através da nuvem, a Stardust capturou amostras de material, as quais ficaram presas em uma grade de aerogel, uma fantástica substância sólida composta por 99% de espaço vazio. O aerogel foi posteriormente acondicionado em uma cápsula, que se desacoplou da espaçonave e foi enviada de volta à Terra, aqui chegando em 15 de janeiro de 2006.
A presença de glicina nas amostras ficou clara desde o início, quando a cápsula foi resgatada pelo cientistas. Contudo, era necessário descartar a possibilidade de que as amostras tivessem sido contaminadas com glicina terrestre, durante o preparo da missão. Assim, os cientistas liderados pela Dra. Jamie Elsila, do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, dedicaram os últimos três anos e meio à tarefa de construir e testar equipamentos especiais que permitissem a análise das amostras. Os resultados da análise foram publicados em um artigo, apresentado em seminário no último dia 16, no qual os cientistas atestam a origem extraterrestre da glicina.
A existência de substâncias orgânicas extraterrestres tem sido bastante debatida. Em 2008, por exemplo, foi detectada a presença de amino acetonitrila, uma molécula semelhante à glicina, em uma nuvem gigante de gás perto do centro da constelação de Sagitário (http://www.sciencedaily.com/releases/2008/03/080326161658.htm). Além disso, mais de 140 espécies de moléculas foram detectadas no espaço desde 1965. A descoberta da Stardust, contudo, é muito mais importante, pois joga nova luz à hipótese da existência de vida microbiana nas vizinhanças da Terra.
Eu discordo de que a descoberta da Stardust seja muito mais importante.
ResponderExcluirHá dois elementos a se considerar:
1) A descoberta é um apoio à ideia de que compostos orgânicos simples são comuns no universo;
2) A descoberta dá apoio à ideia de que a vida é comum no universo.
A (1) é verdadeira, mas o apoio é eclipsado por outros achados mais antigos e relevadores. Enfim, que compostos orgânicos são comuns no universo é uma ideia já muito bem estabelecida *antes* do resultado da Stardust. Não acrescenta muita coisa portanto.
A (2) é muito discutível. É quase como dizer que, ao achar átomos de ferro em um ponto no universo, isso representa apoio à hipótese de que o sangue com hemoglobina seja abundante no cosmos.
[]s,
Roberto Takata
Takata,
ResponderExcluirTalvez eu tenha me expressado mal. Minha opinião é que a descoberta da Stardust é importante por se tratar, em primeiro lugar, de um aminoácido, não de outro composto orgânico como metano ou amônia. E, segundo, embora outros aminoácidos já tenham sido encontrados no espaço, isso foi feito via espectroscopia, em estrelas, nebulosas ou cometas. Até onde eu sei, é a primeira vez que um aminoácido encontrado no espaço é trazido para a Terra. Imagino que essa diferença seja importante.
"Até onde eu sei, é a primeira vez que um aminoácido encontrado no espaço é trazido para a Terra."
ResponderExcluirTrazido por humanos. Mas em meteoritos já foram encontrados aminoácidos - não apenas a glicina, mas outros mais complexos também.
[]s,
Roberto Takata