Conclusões sobre o Referendo do Desarmamento
Uma das poucas vantagens do Brasil em relação a outros países, mesmo alguns dos mais desenvolvidos, é que os resultados de eleições, plebiscitos e referendos são conhecidos apenas algumas horas após o encerramento do horário de votação. Assim, por volta das 21h00 de ontem, 23/10, já sabíamos que o "Não" havia vencido de maneira esmagadora.
O desdobramento pós-referendo que mais me interessou foi a quantidade de conclusões tiradas desse processo por jornalistas, sociólogos, políticos, cientistas políticos e outros. Uns dizem que o povo manifestou sua oposição ao governo atual, outros dizem que o povo já havia decidido pelo desarmamento, dada a queda na compra de armas, e decidiu manter suas liberdades individuais. Outros, por fim, dizem que a campanha do "Não" foi vitoriosa por ter sido mais profissional e cheia de marketing eleitoral.
A verdade é que, com maiores ou menores graus de certeza, dependendo da "conclusão" que se analisa, não temos idéia do que o povo "quis dizer". Só sabemos o que o povo disse. O resto é especulação. Para saber o que se passava na cabeça do brasileiro médio na hora da votação, seria necessário fazer outra votação, ou, no mínimo, uma pesquisa.
Curiosamente, redutos petistas, como o Rio Grande do Sul, votaram em peso a favor do "Não", enquanto estados violentos, como o Rio de Janeiro, votaram menos no "Não". Influência dos traficantes? Aposta no desarmamento? Mais especulações. A única conclusão líquida e certa do referendo é que serão escritos muitos livros e teses de sociologia para esmiuçar os resultados. Afinal, nessa área do conhecimento, sempre é possível encontrar uma teoria que se ajuste confortavelmente aos fatos.
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