Em "Contato", livro de Carl Sagan que li meia dúzia de vezes, o autor nos conta a história da descoberta de uma mensagem alienígena pelo programa SETI (
Search for Extraterrestrial Intelligence, Busca por Inteligência Extraterrestre). A mensagem, que contém os planos para a construção de uma Máquina, é decriptografada com o auxílio do engenheiro bilionário S. R. Hadden, que também financia a construção de uma das cópias da misteriosa Máquina.
S. R. Hadden começou a acumular sua fortuna com uma invenção simples: um aparelho que, conectado aos televisores, abaixa o volume destes assim que entram os comerciais, voltando ao normal quando a programação retorna. Os canais de televisão logo descobrem o "truque" do aparelho, que se baseia na identificação do volume dos comerciais, mais elevado segundo Sagan, e conseguem anular seu funcionamento. Hadden então desenvolve verdadeiros "
chips identificadores de contexto", que fazem dele o americano mais odiado pelos canais de televisão.
O livro de Sagan foi publicado em 1985 e conta uma história passada no final do século XX. A internet não existe no romance de Sagan, nem
smarphones ou
tablets, mas talvez nem Sagan conseguisse acreditar que identificadores de contexto nós temos. Afinal, do que se tratam aplicativos como o
Shazam? Entretanto, é estranho que, até onde sei, ninguém tenha usado essa tecnologia para construir "identificadores de comerciais" ou de conteúdos banidos pelo usuário: grava-se uma pequena amostra da voz de um personagem irritante qualquer e, quando este aparece, o volume do televisor é imediatamente reduzido a zero. Em vez de reduzir o volume, o aplicativo também poderia inserir uma música ou outra programação previamente gravada pelo usuário.
Os identificadores de contexto também poderiam ser usados no caso dos programas eleitorais. Não tanto no caso dos programas do horário eleitoral gratuito, dos quais é fácil se livrar, mas daquelas inserções irritantes durante a programação normal de rádio e TV. Será que isso não valeria um TCC, uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado? Está lançado o desafio!